Neste quadro, Ferrol destaca desde antigo, por ser o iniciador da primeira Revolução Irmandinha, alavanca para a segunda Revolução Irmandinha derrocar a MONARQUIA e governar a Galiza (com Ponferrada, Astorga, Póvoa da Seabra, etc.) durante TRÊS ANOS; na história da Europa, do que sabemos, apenas os hussitas e Cronwell, na Inglaterra, foram capazes de derrocar a monarquia, como a Galiza irmandinha de 1467-68-69.
A República Federal espanhola de Pi i Margall surde depois de uma insurreição da cidade de Ferrol contra a monarquia.
O «Valia mais Ferrol que todo Astúrias» de Castelão e o «Vitoriosos no mar, derrotados em terra» relativo aos cabos republicanos da Armada em Ferrol de Manuel Domingues Benavides, não são suficientes para explicar o valor de Ferrol em termos insurreccionais, republicanos, federalistas e socialistas.
VITORIOSOS NO MAR: de Ferrol parte a derrota do golpe militar planeado com concurso nazi por Mola, somente de Ferrol; por que? Porque em 2 de Junho ou Julho (não temos certeza) de 1936, reuniram-se CLANDESTINAMENTE os cabos republicanos na Feira do Dous, em Serantes, e determinaram um plano para derrotar o golpe que eles sabiam IMINENTE. O plano consistia em se ganhar os RADIOTELEGRAFISTAS dos vasos de guerra e unidades para evitar que o «CUERPO GENERAL», todo ele CLANDESTINAMENTE, CONSPIRADOR, SABOTADOR E GOLPISTA, isolasse as dotações dos acontecimentos. Este plano, e não o acaso, a improvisação, etc., é o que IMPLEMENTA Benjamim Balboa, na Estação Central de Rádio da Armada em Madrid, a partir das 6 horas do Sábado, 18 de Julho de 1936 em que se recebe o aviso de Franco de início do golpe, para prender, pistola em mão, o seu golpista chefe superior, o Almirante da Armada, o golpista Salas, tomar o Ministério de Marinha e o cruzador «Libertad» antes das 10 horas desse Sábado, 18 de Julho. O plano dos cabos desenvolvesse durante as horas e os dias seguintes com resultado contrário ao plano de Mola no que «do CONCURSO da Armada não se duvidava» e abater-se-ia a República numa semana rendendo as cidades costeiras baixo ameaça de bombardeamento naval. Os cabos e as dotações da Armada republicana que derrotaram o golpismo, tornam-se heróis populares que isolam Franco em África impedindo o translado das forças mercenárias.
Essa é a razão da reunião em Berlim, o Domingo, 26 de Julho de 1936 de Göering, o ministro da guerra Blommberg e o aviador franquista Arranz: DERROTAR OS CABOS FERROLANOS que comandavam os vasos de guerra republicanos com a CAMUFLADA e melhor aviação nazista do Barão Vermelho, Ritchofen, junto com as forças aeronavais de Mussolini.
Os cabos republicanos e as forças populares COMBATEM O CLANDESTINO ATAQUE, INVASÃO E OCUPAÇÃO DE FORÇAS MERCENÁRIAS E ESTRANGEIRAS. Assentes estas VERDADES, É UMA GRANDE MENTIRA definir o acontecido como GUERRA CIVIL ESPANHOLA; apenas o franquismo e os pseudo-historiadores, setenta anos depois, perpetuam a mentira que tenta ocultar o que o Tribunal de Nuremberga determinou para uma Europa sem nós.
DERROTADOS EM TERRA: a tomada de Ferrol pelo fascismo, a derrota das forças populares republicanas mercê a um SOFISTICADO plano golpista cujo centro de gravidade era o sequestro de Azarola que EVITOU o armamento do operariado da Construtora Naval na tarde do 20 de Julho de 1936, foi DECISIVA não só para se perder a Galiza também para o ataque, invasão e ocupação de forças mercenárias e estrangeiras TRIUNFAR com a derrocada da República e o genocídio e espólio d@s republican@s.
Ferrol torna-se o enclave de onde partem os ataques nazistas mais eficazes; se Ferrol era «a Base melhor acondicionada da península», Hitler melhorou-a, armando o Canárias, o Baleares, o Espanha com a cobertura dos Koenisberg, Kalsrue, Kholn, cruzadores nazistas com base em Ferrol, etc. A Legião Condor instalada em Ferrol e Vigo, às ordens directas do quartel geral de Franco em Burgos, DETERMINA as «VITÓRIAS» franquistas, a tomada de Málaga, o bombardeamento aeronaval da estrada que a une com Almeria, a queda de Euskadi, Cantâbria, Astúrias, a conquista de Teruel (imediatamente Hitler invade a Áustria), a batalha do Ebro, etc., em definitivo, a DERROTA DA REPÚBLICA e da futura REPÚBLICA FEDERATIVA DA GALIZA E PORTUGAL; se a Legião Condor partiu de Vigo para regressar a Alemanha, este porto tinha importância secundária a respeito de Ferrol onde a GESTAPO dirigia o genocídio das muitas mais de 800 pessoas que aparecem na listagem dos actos do ANO DA MEMÓRIA.
Esta tradição insurrecta, republicana, federalista e socialista explica, na nossa opinião, as recentes décadas de aniquilamento «democrático» que em Ferrol padecemos.
Na actualidade, uma exigência elementar, é a Alemanha, a Itália e Portugal, sobretudo, mas também a França, a Grã Bretanha, os EUA, reconhecer e assumir as suas responsabilidades históricas na derrocada da República e no extermínio e espólio das pessoas republicanas, nomeadamente em Ferrol e na Galiza que foram bases nazistas durante uma década (1936-46).
Tem que haver um novo Tribunal de Nuremberga que julgue e condene por CRIMES CONTRA A PAZ, CRIMES DE GUERRA E CRIMES CONTRA A HUMANIDADE, todas aquelas pessoas, organizações, partidos políticos, sindicatos, empresas, estados, etc. que perpetraram ou ajudaram a perpetrar o GENOCÍDIO E O ESPÓLIO de Ferrol e da Galiza e não só sem qualquer escusa porque o CRIME DE GENOCÍDIO NUNCA PRESCREVE.
Por isso apelamos para as VÍTIMAS e os familiares se organizar e lutar, sobretudo nos organismos internacionais, na ONU, à Conselharia de Cultura, aos governos espanhol e galego para a exumação, reconhecimento, biografia, ressarcimento e recuperação das VÍTIMAS E DO ESPOLIADO, simplesmente porque Ferrol e a Galiza o merecem, simplesmente porque é de JUSTIÇA.
Em Ferrol, terça-feira, 22 de Agosto de 2006
COMISSÃO PARA A REUNIFICAÇÃO NACIONAL DA GALIZA E PORTUGAL