Jaime Quintanilha Martínez, o meu tio-avô Ramón Zebral Sueiras, o meu avô Genaro Baltasar Lopes, e muitas outras pessoas cujos restos jazem neste Cemitério de Serantes, massacradas, genocidadas em Ferrol e na Galiza, VÍTIMAS DO FRANQUISMO, o foram porque defendiam ideais republicanos, federalistas e socialistas. Do DESAPARECIDO e inesquecível Jaime Quintanilha Martínez resgatamos o seu, ainda mais DESAPARECIDO, pensamento; em 1921 escrevia: «o pangaleguismo [A UNIÃO POLÍTICA DA GALIZA E PORTUGAL] fecunda obra (...) galaico-portuguesa (...) idioma galego igual ao português, fala-se no mundo (...)». Em 27 de Junho de 1936 proclamava o direito de Autodeterminação e a Confederação Republicana das Nações Ibéricas [a República da Galiza e Portugal confederada com as Repúblicas da Bascónia, a Catalunha e a Espanha]. Esse inesquecível pensamento DESAPARECIDO do DESAPARECIDO Jaime Quintanilha Martínez, foi COMUM às VÍTIMAS REPUBLICANAS DO FRANQUISMO com independência da sua adscrição sindical ou política e foi Franco e os seus assassinos que as IGUALOU na morte porque eram por esta ordem, «SEPARATISTAS, ROJOS Y MASONES», quer dizer, federalistas, socialistas e republicanos. Na nossa opinião, a melhor homenagem que se lhes pode fazer é lutar para conseguir os ideais pelos que essas pessoas TRABALHARAM, LUTARAM, VIVERAM E MORRERAM. Nós trabalhamos, lutamos e vivemos para resgatar a sua DIGNIDADE, OS SEUS RESTOS, A SUA BIOGRAFIA, O SEU PENSAMENTO, OS SEUS IDEAIS E OS SEUS BENS e é por respeito a todo isso que temos o dever de contar o que se segue: 1. O alcaide Irisarri está a organizar e FINANCIAR esta homenagem dentro de um programa de recuperação da MEMÓRIA histórica ao tempo que ajuda e FINANCIA, levam décadas, a organização da Semana Santa Ferrolana, comemoração do nacional-catolicismo e do nazi-falangismo, durante anos presidida pela filha do GENOCÍDA Alfredo Arcos cujas vítimas não sossegam neste cemitério, Meca Arcos, falangista de pró no PP, orgulhosa do pai e sem pedir perdão pelos crimes dele. 2. Mais de uma vez viajamos a Genebra para denunciar perante a ONU o caso das pessoas desaparecidas, massacradas e genocidadas em Ferrol, dentro delas, como não, Jaime Quintanilha Martínez. Isto é o que Irisarri não financia; as comemorações dos descendentes dos que o assassinaram, isso sim. 3. Em 11 de Outubro de 2009 homenageamos neste cemitério as VÍTIMAS DO GENOCÍDIO FRANQUISTA sem Irisarri se dignar sequer assinar o apelo para as pessoas assistirem; mandar-nos os guardas velosamente, isso sim. 4. Em 22 de Agosto de 2007, o alcaide Irisarri perante Juan Vazquez Loureda, «Anido», Carmen Filgueira Vazquez e nós comprometeu-se para apoiar e financiar o Congresso Internacional a Resistência da Galiza ao Franquismo. Tardou menos de uma semana em violar o compromisso acompanhado da negativa de Iolanda Dias; temos que dizer o mesmo do atual alcaide de Fene. 5. Relativamente às entidades Memória Histórica Democrática e Fuco Buxão comportam-se, na nossa opinião, como «os pitos que expulsam o irmão do ninho para terem a EXCLUSIVA da mãe». 6. Irisarri tentou sem o conseguir transformar a comemoração do 10 de Março, o Dia da Classe Operária da Galiza, num ato de massas de apoio à monarquia e o monarca impostos por Franco e de apoio à NATO, agora a bombardear a Líbia. Nós como Jaime Quintanilha Martínez queremos a TOD@S MENOS OS TRAIDORES, publicado por ele em El Obrero em 29 de Fevereiro de 1936.
Em Ferrol, a oitenta anos da proclamação da República, Quinta-Feira, 14 de Abril de 2011.
MANUEL LOPES ZEBRAL, presidente da ASSOCIAÇÃO DA GALIZA DE VÍTIMAS DO GENOCÍDIO FRANQUISTA