GALEGO LÍNGUA DE CASTELA
Distribuídos 100 exemplares deste trabalho às 10h00 da segunda-feira, 16 de novembro de 2015 em Compostela no Encontro convocado pelas Equipas de Normalização Lingüística e o Concelho de Compostela.
GALEGO LÍNGUA DE CASTELA
MANUEL LOPES ZEBRAL
MENENDEZ PELAIO EM
«HISTORIA DE LA POESIA CASTELLANA»
Cantava, o povo castelhano de Burgos cantava. O povo
castelhano de Castro Gerês, de Vila Sandino, de Melgar de Fernão Em Tal
cantava. Entoava na língua de Burgos as suas gestas heroicas. Cantava em galego
as cantigas de escarnho e maldizer com curiosíssimos versos: «Rey velho que
Deus confonda» com que os vassalos de Afonso o Sábio increpavam [ao Catalão] o
grão rei de Aragão, Dom Jaime I, segundo conta D. João Manuel no seu «Conde
Lucanor». Eis o que conta Menendez Pelaio (MP) na sua «História de la Poesia
Castelhana» que, segundo ele, se escreveu em galego: «a primitiva LÍRICA de
Castela se escreveu em GALEGO antes de se escrever em Castelhano» e acrescenta
«co-existiu durante século e meio com o emprego do castelhano na poesia épica e
em todas as manifestações da prosa».
O povo castelhano de Burgos era cantor BILÍNGUE, mesmo
escrevedor. Nada nos conta MP se também o povo castelhano de Burgos falava e se
também era na fala BILÍNGUE, quer dizer, se era competente em duas línguas, o
castelhano e o galego, como lhe atribui ao PATRIARCA DA PROSA CASTELHANA que
escreveu TODOS os seus versos em GALEGO. Afonso o Sábio, tão BILÍNGUE, que
deixou ORDENADO que se lhe cantasse em GALEGO em Murça, onde mandou ser
enterrado. Sabia o Sábio Afonso duas línguas, uma para PROSA, o castelhano, e
outra para TODOS os seus versos [aqui
não precisa se versos épicos ou líricos, TODOS], O GALEGO.
É bem certo que denúncia e brada indignado,
atribuir-lhe versos em castelhano ao patriarca da prosa castelhana.
FALSIFICAÇÃO de algum alquimista de finais do XV século (1492?). E não é obra
ISOLADA... porque é FABLA artificial que
não se FABLÓ nunca... concluindo que... não se pode duvidar que sejam mais uma
das INÚMERAS FALSIFICAÇÕES DOS GENEALOGISTAS DO XVII SÉCULO.
Numa palavra, para MP, o rigoroso seria denominá-lo
Afonso o Sábio BILINGUADO. E para sermos justos com MP temos de significar que
ele reconhece: «como desconhecer que o primitivo instrumento do LIRISMO
PENINSULAR não foi a língua castelhana nem o catalão mas a língua que
indiferentemente... podemos chamar
galega ou portuguesa (dado que as variantes DIALECTAIS tardaram muito em se
acentuar e antes na PROSA [comparemos prosa de Fernão Lopes (1440) com Crónica
Troiana (1411)] que nos versos) e que em rigor merece o nome de LÍNGUA DOS
TROVADORES ESPANHÓIS a qual foi um DIALECTO poético convencional em parte como
o provençal clássico e o italiano nos librettos de ópera. Em tal DIALECTO
escreveram [não precisa se falaram] à par com reis de Portugal como D. Dionis e
príncipes e grandes senhores de aquele reino, grandes reis de Castela como
Afonso X e Afonso XI, abades de Vala do Lide como D. Gomez Garcia [outros
galegos] misturados com outros de Leão, de Burgos, de Tala Beira e até de
Sevilha como Pedro Amigo, um dos mais fecundos e notáveis do Cancioneiro da Vaticana [fins do
século XI até meados do XIV, 1090-1350].
Também acrescenta MP que a mesma perfeição e ritmo das cantigas
é INDÍCIO claro de uma elaboração POÉTICA ANTERIOR [não havia prosa nem épica?]
quiçais muito longa cujos primitivos monumentos pereceram. Não se podem
aventurar conjeturas acerca da emancipação das línguas VULGARES da latina. Mas
acreditamos que o despertar POÉTICO [não da prosa nem épica] coincidiria com
aquele BREVE [mais de 150 anos] período de esplendor que desde fins do século
XI até à metade do XII pareceu que ia dar à RAÇA HABITADORA DO NOROESTE DA
PENÍNSULA O PREDOMÍNIO E A HEGEMONIA sobre as demais gentes da dita península.
Durante os reinados de Afonso VI, de dona Urraca e o Imperador Afonso VII, o
ESPIRITO GALEGO encarnado na colossal figura do arcebispo Gelmírez... se
LEVANTA COM [INCONTRASTÁVEL «EMPUJE»] e cumpre ao seu modo uma missão
civilizadora... acelerando a aproximação...
MP afirma um BREVE período que dura mais de 150 anos [o
do Galiciense Regnum], desde 1090 até 1150. Em 1147 o cardeal Guido, legado do
Papa, dita o Tratado de Paz entre Afonso VII e Afonso Henríquez, presentes os
dois em Samora, em que o português desiste das suas pretensões às fronteiras
cedidas por Dona Urraca (Samora, Salamanca, Touro e até Vala do Lide com a
Terra de Campos) e o galego reconhece a independência do novo reino e o título
do seu soberano.
PERÍODO DE ESPLENDOR POÉTICO, apenas POÉTICO; nada
escreve acerca de se em mais de um século e meio, com três convulsos reinados,
a POESIA ÉPICA e sobretudo a PROSA existiam porque para MP, na sua cabeça
espanhola, a épica e a prosa estavam reservadas para o castelhano e assim
durante 320 anos (1090-1410): O BILINGUÍSMO HARMÓNICO de Cortes e povos,
castelhano para épica e prosa e galego para LÍRICA.
Acrescentemos que Castelão no Sempre em Galiza cópia
textualmente de MP a crítica a Teófilo Braga: «de que a lírica passou da Galiza
para Portugal com TODOS OS DEMAIS PRIMITIVOS ELEMENTOS DA NACIONALIDADE
PORTUGUESA condecorada logo com o pomposo nome de LUSITANA».
MP afirma coisas tais como que «nos LÁBIOS DO POVO
continuam a viver as antigas gestas (ÉPICA) e os COMPILADORES HISTÓRICOS seguem
EXPLORANDO-AS COMO DOCUMENTOS. Nós podemos afirmar o «RIGOR HISTÓRICO» dos
ditos documentos e a FALSIFICAÇÃO dos compiladores...
Continua MP: «No XIV século (sociedade burguesa)...
fica relegada quase ao esquecimento a poesia ÉPICA. No XV século, última
EFLORESCÊNCIA DO GÉNIO ÉPICO NACIONAL [reparem nos conceitos da linguagem e na
própria linguagem], A MAIS SUBLIME, HERÓICA, ELEGANTE, CLÁSSICA E PERFEITA. Os
qualificativos são do melhor; tudo o contrário, aquando fala a respeito do
galego.
Em contradição com a literatura ÉPICA do XIV século, UM
OPULENTO RAUDAL de poesia LÍRICA (sempre o aditivo) desce das comarcas [assim
denomina à Galiza e Portugal] ocidentais da península, abrindo-se TRIUNFAL
CAMINHO desde a Galiza até à Andaluzia e Murça. As obras do Arcipreste de Fita
têm os seus protótipos... na LÍRICA [mais uma vez]... DOS TROVEIROS GALEGOS. Em
nossa opinião o Arcipreste de Fita escreveu em GALEGO o «Livro do Bom Amor».
Afirma o mesmo, os protótipos dos TROVEIROS GALEGOS, A LÍNGUA GALEGA, para os
«GOÇOS E CANTARES» com que salpica o seu Poema o Chanceler Ayala [Pero Lopes de
Ayala].
Relativamente ao Marquês de Santilhana de origem basca
(1398-1458), nascido em Carrião dos Condes, em Palença, temos de questionar o
que, diz-que, deixou escrito: «Nos Reinos da Galiza e Portugal mais do que em
nenhumas outras regiões da Espanha (???) o exercício destas ciências (artes) se
costumou. Em tanto grau que não há muito
tempo quaisquer dizedores ou troveiros destas partes agora fossem CASTELHANOS,
ANDALUZES OU DA ESTREMADURA, TODAS AS SUAS OBRAS COMPUNHAM EM LÍNGUA GALEGA OU
PORTUGUESA [Para lhas dizer ou trovar a quem? Ao povo dessas partes? Percebia
galego o povo dessas partes?]. Méncia de Cisneros, a sua avô, tinha um volume
grande de cantigas portuguesas e galegas, a maior parte de D. Dinis. Ele, o
Marquês de Santilhana, o viu «sendo de idade não proveta, mas assaz pequeno
moço». O Marquês casou em 1412. Morreu-lhe o pai em 1403, com cinco anos, e foi
viver com a avô. Portanto talvez veria o livro das cantigas galego-portuguesas
em 1405-1410. Um grande volume cujas obras, as de D. Dinis, AQUELES QUE AS LIAM
(podiam perceber e julgar) para LOAR invenções subtis, engraçadas e doces
palavras [palavras em galego-português que PERCEBIAM].
Segundo MP, o Padre Sarmento EXAGERA estas palavras de Santilhana. O Padre Sarmento
afirma TODA a poesia dos séculos XIII E XIV SER EM GALEGO. Santilhana apenas a
LÍRICA. MP conta-nos que Tomás António Sanchez, bibliotecário montanhês que
«habia sacado del polvo» a primeira canção de gesta e os principais
instrumentos do mester de clerecia, NEGAVA A INFLUÊNCIA GALEGA na poesia
castelhana NARRATIVA toda ela com evidentes signos de ter nascido no CORAÇÃO
MESMO DE CASTELA (Burgos) [porque falavam GALEGO].
A referência que temos dos Provérbios do Marquês de
Santilhana e das Coplas de Jorge Manrique são de DEZ FOLHAS COPIADAS CERCA DO
ANO DE 1500 acrescentadas às 192 copiadas em 1461-62 do Cancioneiro de Baena.
Podemos suspeitar ou afirmar que o COPISTA TRADUZIU em concordância com o
ORDENADO no Tratado de Gramática que NOVAMENTE fez [teria feito um anterior?] o
mestre António de Lebrija sobre a língua CASTELHANA no ano do Salvador de 1492
em 18 de agosto e impresso na muito nobre cidade de Salamanca? Podemos afirmar
que um, o Marquês de Santilhana, e outro, Jorge Manrique, ESCREVERAM EM GALEGO
porque o falavam eles e os seus respetivos povos?
O CANCIONEIRO DE BAENA
O Cancioneiro de Baena, cancioneiro dito «CASTELHANO»
compilado por João Afonso de Baena, POETA GALEGO que «cópia o cancioneiro em
CASTELHANO» antes de 1435, data da sua morte. Poeta GALEGO, natural de Baena, a
62 km de Córdova, cópia ou compila o cancioneiro para o rei CASTELHANO João II
(1406-1454). Cancioneiro, diz-que, que foi acabado em 1430, sem certeza. João
Afonso de Baena dedica MAIOR ESPAÇO no cancioneiro ao «galego-provençal».
Cancioneiro de poetas dos reinados castelhanos de Henrique II (1369-1379), João
I (1379-1390), Henrique III (1390-1406) e as primeiras décadas de João II
(1406-1454). É continuação de um livro de canções do Infante D. Pedro, Conde de
Barcelos, que recolhe, compila, a poesia galego-portuguesa desde as origens até
meados do século XIV (1350) e o legou ao seu sobrinho, o rei castelhano Afonso
XI.
O cancioneiro tem por objetivo escrito e explicitado
por João Afonso de Baena entreter Rei, damas, e todos os integrantes da
Corte... para a rainha, donas e donzelas da sua casa, ao príncipe D. Henrique
(Henrique IV, 1424-1474) e a todos os grandes
senhores dos seus reinos e senhorios, assim os prelados, mariscais, doutores,
cavaleiros e escudeiros, e TODOS os fidalgos e gentis-homens, AS SUAS DONCELAS
E CRIADOS E OFICIAIS da Casa Real. Livro para ler e escutar, ler e ouvir,
lentes e ouvintes, portanto TODOS COMPETENTES EM GALEGO, incluídas as donzelas
e os criados para além dos grandes senhores dos seus REINOS E SENHORIOS, um
feixe deles que não eram Castela.
João Afonso de Baena afirma que a ESCRITURA É SAGRADA,
transmite SABER, conhecimento, contacta uns homens com outros e umas épocas com
outras. LER, SABER, ENTENDER. Exercitar o corpo com atividades como lidar
touros, jogar à besta, à flecha, à pelota, xadrez, dados, caçando falcões, etc.
(GAYA CIÊNCIA, arte de poetar provençal).
O ARTE DA POESIA É UM DOM DIVINO (por graça infusa do
Senhor Deus) PARA UM GRUPO DE ELEGIDOS COM UM TÃO ELEVADO ENTENDIMENTO E DE TÃO
SUBTIL ENGENHO QUE SE FORJE E SE NUTRE DE MUITOS E DIVERSOS LIVROS E
ESCRITURAS. A poesia CORTESANA requer ter
percorrido cortes de reis e grandes senhores [INTERNACIONALIZAÇÃO].
O OBJETIVO DO LIVRO É DO MAIS ALTO: FERRAMENTA DE PODER
DE CLASSE, O SABER EM TODOS OS TERMOS DO CONHECIMENTO.
O único códice que se conhece (na Biblioteca Nacional
de Paris) NÃO SE CORRESPONDE COM O ORIGINAL. Dá-se como certo que o dito códice
parisiense fazia parte da biblioteca da rainha Isabel a Católica Usurpadora
(1451-1504) que o herdou do seu pai João II de Castela (nascido em Touro e,
diz-que, poeta e músico). Era portanto irmã de pai de Henrique IV; a mãe,
Isabel de Portugal ou de Avis. Não sabemos se em presença dela o dito
cancioneiro seria lido ou se ela alguma vez o leria. Suspeitamos da sua
competência na língua do Baena cujo cancioneiro tem 576 composições de 56
poetas. João Afonso de Baena destaca a Afonso Alvarez de VILA SANDINO com umas
cem composições em GALEGO ao que designa com os qualificativos de MESTRE E
PATRÃO. Segundo a Tábua ordenada por JA Baena aparece em primeiro lugar o de
VILA SANDINO, ali nascido, a 44 km de Burgos e uns poucos menos a norte de
Castro Gerês, de onde eram originários os Castro (Inês, Joana, Álvaro e
Fernão/Fernando). Seguem-se 17 poetas ao final dos quais o próprio JA Baena. Só 17 dos 56 aparecem na
Tábua. Dentre outros aparece Garci Fernandez de GERENA, ali nascido, a 34 km de
Sevilha, perto de Aznalcollar. Também poeta GALEGO. Outros poetas, João Vasques
de Tala Beira, Pero Amigo de Sevilha, Pero Garcia Burgalês, todos poetas
GALEGOS. Fernão Sanchez de Calavera/ Talavera? poeta da corte de Henrique III.
O de VILA SANDINO tem poemas em GALEGO datados em 1409.
O códice parisiense baseia-se numa cópia feita em 1465
[1461-62?] e foi copiado por CINCO COPISTAS. O quinto cópia em diferente papel
cerca do ano de 1500 os Provérbios do Marquês de Santilhana e as Coplas de
Jorge Manrique: dez folhas acrescentadas às 192 copiadas em 1461-62. Se João II
de Castela, poeta e músico, diz-que, morre em 1454, não sabemos se nos seus
últimos vinte anos de vida (1435-1454) a prática que descreve JA Baena no seu
cancioneiro de ler e ouvir POESIA CORTESANA CONTINUARA NA SUA CORTE [temos de
pensar que também cantar os poemas musicados]. Não sabemos se morreu falando
como quando aprendeu a falar em Touro em 1406. Não temos certeza de se
pertencia ao GRUPO DOS ELEGIDOS, que define JA Baena, temos de pensar que como
muitos outros reis castelhanos era notável versejador e músico em galego e que,
assim como Afonso X mandou se lhe cantara em galego na sua morte ao ser
enterrado em Murça [o que se falaria ali na altura?], o João II ordenasse coisa
parecida. A sua filha, Isabel a Católica Usurpadora, nasceu em 1451, três anos
antes da sua morte, e também não sabemos se em vida do pai a criancinha
assistiu a alguma das sessões cortesanas poético-musicais, caso as houver.
Sabemos que a sua mãe foi Isabel de Portugal ou de Avis, portuguesa; o que não
sabemos é se a criancinha mamou o leite da mãe e também a sua língua; ou se
tudo foi reduzido a leite e língua de ama de cria; criemos todas as
elucubrações...
A GRAMÁTICA DE LEBRIJA PARA MATAR O
GALEGO EXISTENTE E IMPERAR O CASTELHANO INEXISTENTE
«Podemos suspeitar ou afirmar que o COPISTA TRADUZIU [o
Marquês de Santilhana e Jorge Manrique cerca do ano 1500] em concordância com o
ORDENADO no Tratado de Gramática que NOVAMENTE fez [teria feito um anterior?] o
maestro António de Lebrija sobre a língua CASTELHANA no ano do Salvador de 1492
em 18 de agosto e impresso na muito nobre cidade de Salamanca?» Colocávamos
esta questão antes e queremos continuar a razoar a respeito.
Poderia algum copista ou não copista fugir do preceito
da Gramática de Lebrija e da muito alta e esclarecida princesa Dona Isabel, a
terceira desse nome, a rainha e senhora natural da Espanha e da Ilhas o nosso
mar?
Achamos muito difícil, acreditamos que a dita Gramática
foi um ato de força sobre o galego existente pelas terras peninsulares e mesmo
insulares para o EXTERMINAR porque só assim podia IMPERAR a inexistente, vulgar
dita língua castelhana porque segundo Lebrija «SEMPRE a língua foi companheira
do Império e de tal jeito o seguiu que JUNTAMENTE COMEÇARAM [o castelhano da
Gramática e o Império], cresceram e floriram e depois junta foi a queda de
ambos os dois.
Porque a língua castelhana estendeu-se, alastrou depois
até Aragão e Navarra e desde ali até a Itália a seguir a companhia dos INFANTES
que enviamos IMPERAR em aqueles Reinos: e assim cresceu até a monarquia e PAZ
que gozamos... na fortuna e boa dita da qual os MEMBROS E PEDAÇOS DA ESPANHA
que estavam por muitas partes derramados se reduziram e AJUNTARAM NUM CORPO E
UNIDADE de Reino, as formas e travação do qual, assim está ORDENADA, QUE MUITOS
SÉCULOS DE INJÚRIA E TEMPOS A NÃO PODERÃO ROMPER NEM DESATAR... após os
inimigos da nossa fé VENCIDOS POR GUERRA E FORÇA DAS ARMAS... não resta já
outra coisa senão que floresçam as artes da PAZ...
Após vossa Alteza meter baixo o seu jugo muitos povos
bárbaros e nações de peregrinas línguas e com o VENCIMENTO de aqueles teriam
necessidade de receber as leis que o VENCEDOR PÕE [IMPÕE] AO VENCIDO e com elas
a NOSSA LÍNGUA, então por esta minha Arte
poderiam vir no conhecimento dela... E certo é assim que não somente os
inimigos da nossa fé, que têm necessidade de saber a linguagem castelhana, mas
os BISCAINHOS, NAVARROS, FRANCESES, ITALIANOS [ISTO PARECE ESCRITO DEPOIS DA
TOMADA DE NAVARRA EM 1512]... em cuja mão e poder, não menos está o momento da
língua do que o ARBÍTRIO DE TODAS AS NOSSAS COISAS...
Se lerem o Capítulo III, Réguas... acento verbo, da sua
Gramática, verão que Lebrija escreve «como diziendo cuando VOS AMARDES»
perfeita conjugação do infinitivo do verbo AMAR EM GALEGO!!!
Temos portanto de acreditar em Lebrija e no que nos
diz: que a «língua castelhana», melhor dito, a da sua GRAMÁTICA É PARA IMPOR
PELA FORÇA DAS ARMAS aos inimigos da fé, aos povos bárbaros, a nações de
peregrinas línguas, a Aragão, a Biscaia, a Navarra, a França, a Itália e
sobretudo, sobre todas as coisas, aos MEMBROS E PEDAÇOS DA ESPANHA que estavam
por muitas partes derramados e que se reduziram [RENDIRAM] E AJUNTARAM num
corpo e UNIDADE DE REINO [CUJA LÍNGUA ERA O GALEGO, DESDE ASTÚRIAS ATÉ À
ANDALUZIA].
Realcemos que em 4 de setembro de 1479 é assinado o
Tratado de Alcobaças em que Afonso V de Portugal [que casara em 12 de maio de
1475 com a filha LEGÍTIMA de Henrique IV, dita Joana a «Beltraneja»], derrotado
em Touro em 1 de março de 1476, renunciava às suas pretensões ao trono de
Castela (não sabemos se no Tratado explicitava-se à Galiza) embora os reis
espanhóis Fernando e Isabel reconhecessem PARA SEMPRE, todas as conquistas dos
portugueses em África, até à Índia e no Atlântico com exceção de Canárias que
ficaria para Castela.
Realcemos, também, que antes da derrota de Afonso
V-Joana a «Beltraneja», mostraram-se partidários de se retirar renunciando à
Coroa de Castela RECEBENDO EM TROCA A GALIZA e as cidades de Touro e Samora e
uma forte soma de dinheiro. Avinha-se Fernando o Catalão mas a Isabel impediu o
acordo.
É para destacar que em 4 de maio de 1493 (nove meses
depois de publicada a Gramática), o Papa CATALÃO dos Bórgia, Alexandre VI
expediu a bula Inter Caetera, bem pagada pelo compatriota Fernando, e que lhe
dava mais da metade do Planeta.
Em 7 de junho de 1494 é assinado o Tratado de
Tordesilhas em que Portugal troca à Galiza pela metade do mundo começando assim
a ACUMULAÇÃO PRIMITIVA DE CAPITAL, que descreve Marx, e o CAPITALISMO e até
hoje. Dezaoito anos depois de reclamar à Galiza, Touro e Samora, Portugal
RENÚNCIA.
E assim, deste jeito fica DIMENSIONADA A NECESSIDADE
que tinham muitos povos bárbaros e nações de peregrinas línguas sob o jugo da
Alteza isabelina de receber as leis que o vencedor IMPÕE ao vencido [As Sete
Partidas de Afonso X o Sábio] e da gramática de Lebrija e da língua da dita
gramática. A DIMENSÃO É PLANETÁRIA, MUNDIAL, como logo se verificou com Filipe
II da Espanha.
Fica DIMENSIONADA A NECESSIDADE QUE TINHA A BURGUESIA
[A CATALÃ] DE DOMINAR O MUNDO PARA IMPLANTAR O CAPITALISMO e assim até ao dia
de hoje.
Acreditar em Lebrija e no que ele diz? «[A língua]
castelhana teve a sua meninice em o tempo dos juízes [1º] e dos reis de Castela
[2º] e de Leão [3º]... [Vimos já como os reis de Castela e Leão eram NOTÁVEIS
DOMINADORES DA LÍNGUA GALEGA. Mesmo o Henrique IV e tudo induz a pensar que ele
e a sua irmã Isabel, a conheciam e DOMINAVAM]... e começou a mostrar as suas
forças em o tempo do muito esclarecido e digno de toda eternidade, El-Rei Dom
Afonso o Sábio, por cujo mandado se escreveram as SETE PARTIDAS, a GERAL
ESTÓRIA e foram transladados muitos livros do latim e arábigo à nossa língua
CASTELHANA???...»
Relativamente às SETE PARTIDAS, o desconhecimento é
ABSOLUTO antes de 1491 em que se publica a primeira das TRÊS PRINCIPAIS EDIÇÕES
com a aparição da imprensa no XV século [1501].
A PRIMEIRA EDIÇÃO, com Glosas de Alonso Diaz de
Montalvo, em Sevilha em 1491. Teve OITO REIMPRESSÕES até 1528.
A SEGUNDA EDIÇÃO, com Glosa de Gregório Lopez, em
Salamanca em 1555. Teve quinze reimpressões até 1855. RECEBEU SANÇÃO OFICIAL
POR REAL CÉDULA de 7 de setembro de 1555. Foi a mais utilizada na América
Hispânica.
A TERCEIRA EDIÇÃO DA REAL ACADEMIA DA HISTÓRIA EM 1807.
Declarada OFICIAL POR REAL ORDEM DE 8 de março de 1818.
AS SETE PARTIDAS FOI O CORPO JURÍDICO DE MAIS AMPLA E
LONGA VIGÊNCIA EM IBERO-AMÉRICA (até o XIX século).
AS SETE PARTIDAS FIZERAM LEGAL A ESCRAVATURA DESDE OS
TEMPOS DE AFONSO O SÁBIO ATÉ AO XIX SÉCULO (1880).
«As Sete Partidas», como a Gramática de Lebrija, também
acompanha o Império. Dá-se por feito terem sido redigidas em castelhano por
Afonso X o Sábio. Se fossem redigidas em GALEGO, como a racionalidade indica,
em 1491 teriam de ser redigidas, POR FORÇA, na língua da Gramática que Lebrija
estava a escrever para publicar em agosto de 1492. Não havia mais alternativa,
qualquer outra seria a fogueira inquisitorial do auto-de-fé ou o exílio.
Falaremos depois do Tribunal da Suprema Inquisição e do Tribunal do Santo Ofício.
Relativamente à GERAL ESTÓRIA, Menendez Pidal escreve
em 20 de abril de 1906 que os manuscritos da Crónica Geral do Rei Sábio, a ele
atribuídos, são de cerca de DOUS SÉCULOS de atividade historiográfica: primeira
Crónica por Afonso X, uma outra em 1344, a terceira e quarta Crónica em 1404.
Continua a dizer Lebrija: «[a língua castelhana até
agora] solta e fora de toda regra... em poucos séculos muitas mudanças... Se a
queremos cotejar com a de hoje a quinhentos anos [1492-992] acharemos tanta
diferença e diversidade quanta pode ser maior ENTRE DUAS LÍNGUAS. REDUZIR EM
ARTIFÍCIO esta nossa linguagem castelhana para o que agora e de aqui em adiante
nela se escrevesse possa ficar em UM TEOR e alastrar em toda a duração dos
tempos que estão por vir... Como o grego ou latim... passados muitos séculos
ficam em UNIFORMIDADE».
A «LÍNGUA CASTELHANA» DO CÓDICE
EMILIANENSE,
Vejamos o «cotejador» Lebrija, pretensioso, a comparar
a língua da sua gramática e/ou a «solta e fora de toda regra» [exceto a regra
que marcava O GALEGO] de 1492 com a de quinhentos anos atrás, quer dizer, a do
ano 992, a «língua castelhana» do CÓDICE EMILIANENSE, escrito em latim em letra
visigótica minúscula. A «língua castelhana» do Códice Emilianense é como o
mistério da Santíssima Trindade... O que não é mistério é o Império: O Códice
do Escorial é um livro em que se reuniu muita coisa dispersa e Felipe II mandou
guardar no Mosteiro do Escorial onde está registada a sua entrada em 30 de
abril de 1576. Hipótese, não se sabe NADA, o livro ser feito em 1350.
CÓDICE ALBELDENSE
Na biblioteca do Escorial está o CÓDICE EMILIANENSE,
datado no ano 992, que procede do Mosteiro de São Milhão da Cogolha, onde no
ano 776 começa a ser copiado o CÓDICE
ALBELDENSE. Durou a copiação desde o ano 776 até ao ano de 992, dirigida
pelo bispo Sisebuto, copista Belasco e notário Sisebuto. O Códice Albeldense
finou e a sua cópia, CÓDICE EMILIANENSE, está na biblioteca do Escorial desde o
XVI século. Foi Ambrósio de Morales o encomendado por Felipe II para PROCURAR manuscritos
antigos por toda a Espanha para «incrementar os fundos da biblioteca». O
Ambrósio de Morales obteve o CÓDICE EMILIANENSE de Pedro Ponce de Leão, bispo
de Plasença, que ao morrer doou ao Escorial o resto da sua biblioteca.
Nem «Albeldo» nem «Emiliano» dizem NADA relativamente à
dita «língua castelhana» ou tão pouco que só podemos qualificar de INVENTO,
PATRANHA LEBRIJANA o da «castelhana» língua.
VERDADE DO GALEGO EXISTENTE
MISTÉRIO em São Milhão da Cogolha e VERDADE DO GALEGO
em 1098, em tempos do notável versejador em GALEGO, Afonso VI Imperador de
Leão, a língua do povo por ele dominado. VERDADE que a Corte [e o povo?] do
denominado Ovetenses Regnum (718-914) falou e escreveu GALEGO. VERDADE que os
historiadores muçulmanos [de grande cultura greco-latina] denominavam aos reis
de Oviedo como reis da Galiza. Denominavam como GALEGOS os seus inimigos do
norte. Denominavam como cão GALEGO o dito Cid Campeador, natural de Burgos. Por
que seria? Porventura porque falavam todos GALEGO e assim o percebiam os
ouvidos e os olhos muçulmanos? Lembremos que em Santa Gadeia de Burgos hu juram
os filhos-de-algo, maldizer em GALEGO durou muito tempo...
Numa palavra, temos perante os olhos uma GIGANTESCA
VERDADE, A DO GALEGO, que os espanhóis se negam a ver e pretendem, alucinados,
na misteriosa e espessa escuridade ver uma «língua castelhana», uma «língua
leonesa», uma «língua moçárabe», na que mais nada há do que LÍNGUA GALEGA e as
suas variantes DIALECTAIS, situação que perdura durante os quinhentos anos dos
que fala Lebrija e depois reproduzem, PATRANHA SOBRE PATRANHA, Menendez Pidal e
Lapessa no seu mapa dos DIALECTOS HISPÁNICOS por volta de 950.
Diz Lebrija que «acharemos em quinhentos anos tanta
diferença e diversidade quanta pode ser maior entre DUAS LÍNGUAS». Entre o
GALEGO e a língua da sua ARTE, da sua Gramática? ARTE em que se lhe esparrama o
GALEGO DE «AMARDES»? Tinha Lebrija conhecimentos e DOMINAVA O GALEGO? Nós
racionalmente achamos que SIM. Com certeza Lebrija DOMINAVA O GALEGO e fez a
sua ARTE para vãmente o MATAR. Podemos dizer que FRACASSOU passados séculos,
quinhentos anos. Mas o triunfo imediato não deveu ser muito grande visto que em
1517 António Lebrija publica «Regras de ORTOGRAFIA espanhola»: procurava
UNIFICAR A PRONÚNCIA [a fonética] em todo o território de Castela em
concordância com a PRESTIGIOSA FORMA de Vala do Lide, abandonando
definitivamente o romance de Burgos [GALEGO]
que tinha estado na origem dos primeiros escritos pré-afonsinos.
Ainda em 1523 publica Lebrija «Regras de ORTHOGRAFIA na
língua castelhana». A importância que Lebrija dá à ORTOGRAFIA deveria
servir-nos hoje para UTILIZARMOS MACIÇAMENTE A NOSSA SECULAR ORTHOGRAFIA, a que
Lebrija pretendia MATAR junto com a nossa língua sem o conseguir. A PURA E
SIMPLES ORTOGRAFIA DO PORTUGUÊS, hoje concordada, concertada pelas repúblicas
que oficializaram a nossa língua e a sua Comunidade dos Países de Língua
Portuguesa, a CPLP.
Isabel I de Castela [não sabemos porque Lebrija escreve
«a terceira deste nome»] teve uma grande amizade com Santa Beatriz da Silva,
amizade tão grande como para a ajudar a fundar a Ordem da Imaculada Conceição.
Já dissemos que Isabel era filha da portuguesa Isabel de Portugal ou de Avis.
Também Beatriz da Silva era portuguesa, nascida na vila fronteiriça de Campo
Maior em 1424, descendente dos Condes de Ourem [João Fernandez de Andeiro?] e
de Barcelos. Foi dama na Corte de Isabel I. Tudo são INDÍCIOS RACIONAIS muito
grandes para afirmar que Isabel I de Castela DOMINAVA A LÍNGUA GALEGA OU
PORTUGUESA mesmo que era a sua língua materna...
O seu secretário Fernão do Pulgar, nascido em Pulgar,
perto de Toledo em 1436? EDUCOU-SE NA CORTE DE JOÃO II DE CASTELA [ouvindo
porventura poemas cantados do de Vila Sandino?] e na de Henrique IV que o
nomeou SECRETÁRIO REAL, cargo que continuou com Isabel I. Foi embaixador em
Roma perante Xisto IV, o papa que dá a BULA para o estabelecimento da
Inquisição em novembro de 1478 a pedido de Fernando e Isabel. Em 1481
chamava-se LÍNGUA VULGAR ao dito castelhano. Como se denominava a LÍNGUA CULTA,
GALEGO? Nesse ano de 1481 foi nomeado CRONISTA REAL. Escreveu uma Chrónica dos
muy altos e esclarecidos reis Catholicos dom Fernando e dona Ysabel. Em que
língua? Nós aventuramos que em GALEGO, como escrevera Pero Lopez de Ayala, o
Chanceler, do que Fernão Lopes copiara IMENSO ao escrever as suas ESTÓRIAS na
Torre do Tombo da Lisboa anterior ao terramoto talvez ouvindo gaiteiras
marinhãs, foliadas e moinheiras... A Chronica do Fernão do Pulgar vem até 1490.
Continua Lebrija de CRONISTA REAL desde 1490 até 1509. É Lebrija que por
encomenda da rainha Ysabel traduz para o latim a Chronica de Fernão do Pulgar,
publicando-se TODOS OS CÓDICES E EDIÇÕES DA SUA PRINCIPAL OBRA em 1545 e
1550... DERIVAM DE UMA PRIMEIRA EDIÇÃO BURGALESA E CONTÊM UM TEXTO CENSURADO
por conveniência desse primeiro editor.
Vejam qual pode ter sido o destino da GERAL ESTÓRIA de
Afonso X o Sábio e os seus seculares continuadores, de uma primeira crónica do
Rei Sábio, de uma segunda em 1344, de uma terceira e quarta em 1404, da de Pero
Lopez de Ayala, o Chanceler, da de Fernão do Pulgar: A CENSURA LATINA DE
LEBRIJA ORDENADA PELA USURPADORA YSABEL. A CENSURA DA HISTÓRIA. A PATRANHA O
IMPÉRIO ACOMPANHA.
O TRIBUNAL DA SUPREMA INQUISIÇÃO
E O TRIBUNAL DO SANTO OFÍCIO
A CENSURA DA INQUISIÇÃO
O Secretário da rainha Isabel, Fernão do Pulgar,
apresenta o TOTAL DE DOIS MIL (2000) quanto a hereges QUEIMADOS, até 1490.
Zurita CALCULA que antes de 1520 morreram SÓ EM SEVILHA
QUATRO MIL CONDENADOS.
TODOS ESTES DADOS E OS QUE CONTINUARÃO ESTÃO TOMADOS,
REFERENCIADOS DO LIVRO INTITULADO «A INQUISIÇÃO ESPANHOLA» DE A. S. TURBERVILLE
em que NÃO SE DIZ uma palavra da Galiza mas que não será difícil imaginar o
acontecido na Nossa Terra sabendo os acontecimentos de outras. Sempre pior no
nosso caso, aventuramos... Limitar-nos-emos a continuar com uma CRONOLOGIA:
1474: Isabel acede ao trono de Castela.
1478: Os reis Fernando e Isabel (FI) requerem a Xisto
IV o estabelecimento da Inquisição. A bula autorizando-a é de novembro de 1478.
Houve um intervalo de dois anos antes de que a bula entrasse em execução.
1480: Começa a Doma e Castração do Reino da Galiza,
segundo o aragonês Padre Zurita.
1480, 3 de agosto: Impõe-se na Galiza uma força militar
de ocupação denominada a «Santa Hermandad»
1480, 17 de setembro: Foram escolhidos dois dominicanos
para inquisidores em Sevilha.
1480,dezembro: Uma força de elite sob o mando do «Mouro
Mudarra» chega a Compostela – o «virrei» Acunha e o licenciado Garcia Gomez de
Chinchilla chegaram com ela – e o Galego deixou de ser língua oficial do Cabido
compostelano.
1481, 6 de fevereiro: Verificou-se a primeira CERIMÓNIA
PÚBLICA, UM AUTO-DE-FÊ, da Inquisição em Sevilha; torraram seis indivíduos.
1483, dezembro: Execução de Pardo de Cela.
1486: Reis FI chegam a Compostela TOMAR POSSE do Reino
da Galiza.
1490, até: Fernão do Pulgar, secretário da rainha
Isabel, cuja crónica chega até 1490 apresenta um total de DOIS MIL (2000)
hereges QUEIMADOS.
1490: Torquemada num auto-de-fé queimara seis centos
volumes que continham judaísmo e outras heresias.
1492: Ano de expulsão dois judeus (marranos) pelos reis
FI. Foram 90.000 para Portugal aceitados pelo monarca João II em residência
temporária pela qual PAGARIAM ALTA CAPITAÇÃO.
1501: Invenção da imprensa.
1505: Inquisição em Canárias, sujeita a Sevilha.
1506: Levantamento em Lisboa com chacina de 2000
vítimas de João III.
1512: Reis FI tomam Navarra.
1515: Concílio de Latrão com papa CATALÃO Alexandre VI
(Bórgia); CENSURA para livros.
1520: Zurita calcula que só em Sevilha morreram quatro
mil (4000) condenados antes de 1520.
1520-22: Guerra civil em Valência onde os «mouros
estiveram» muito implicados.
1526: Carlos V chega a Granada. Instaura Tribunal da
Suprema Inquisição «não muito severa».
1529: Primeiro auto-de-fé em Granada. Três «mouriscos»
sentenciados.
1529-1707: Ducado de Milão pertenceu a Espanha. No
século XV a Sicília fazia parte dos domínios da Casa de Aragão. Em 1713 a ilha
da Sicília passa a mãos do duque de Saboia. Em 1735 a Áustria cedeu a Sicília e
Napoli a D. Carlos, logo Carlos III. Este obteve do Papa um inquisidor próprio
para Sicília afastando-se da Inquisição espanhola. A Casa de Aragão introduziu
a Inquisição em Sardenha nos fins do XVI
século. Em 1718 a ilha passou para o duque de Saboia.
1534: Juan de Valdés, crítico de Lebrija, perseguido
pela Inquisição na campanha contra LUTERANOS.
1534: O mais bem dotado dos protestantes espanhóis pode
estabelecer-se em Napoli. Passou ali o resto da sua vida sem ser molestado.
1550: Francisco San Roman, natural de Burgos, tornou
PROTESTANTE, LUTERANO, depois de uma visita casual à luterana Antuérpia. Preso
em Ratisbona por Carlos V veio para a Espanha onde morreu na fogueira. A
multidão para mostrar o seu ódio atingiu-o com espadeiradas.
1559: Índex Librorum Prohibitorum. Editaram-se mais
outros em 1612, 1632, 1640, 1707, 1747 e 1790. Este foi chamado Índice Último e
não continha a lista de expurgações ao contrário do que sucedera com os
anteriores. Não bastava publicar os índices, era preciso verificar se as obras
interditas não eram realmente lidas. A Inquisição empregou agentes para
investigar nas livrarias e até as bibliotecas particulares. As leis de imprensa
eram bastante drásticas.
1559, 24 de setembro: Grandioso auto-de-fé em Sevilha
que atraiu milhares de pessoas.
1559, 8 de outubro: Auto-de-fé em Vala do Lide
presidido por Felipe II, assistiram 200.000 pessoas; queimados VIVOS, De Seso e
Juan Sanchez. Conta-se que ao passar defronte do Rei, De Seso perguntou a
Felipe como é que ele podia sancionar semelhantes horrores, ao que o monarca
teria respondido: «Eu mesmo traria a lenha para queimar o meu próprio filho se
ele fosse tão perverso como tu».
1560, 22 de dezembro: Autos-de-fé contra protestantes
desde essa data em 1562, 64, 65 em Sevilha, Vala do Lide, Logronho. Em Navarra
em 1568.
1568, dezembro: Grande rebelião de «mouriscos» esmagada
depois de três anos de guerra por João de Áustria.
1571: «Mouriscos» removidos para outros pontos da
Espanha.
1573: Apenas um dos oitenta penitentes respondia pela
acusação de praticar secretamente a religião muçulmana.
1580: Felipe II toma Portugal. Comerciantes judeus
passa a Espanha.
1604: Ajuste entre Felipe II e cristãos-novos
portugueses.
1604-1630: Os tratados entre Espanha e Inglaterra
continham proteção para súbditos ingleses.
1609: Tratado que protege holandeses. Guerra
Espanha-Grã-Bretanha, perde-se a proteção.
1621: Com Felipe IV recrudesce em Portugal a
perseguição de judeus, fogem para Castela.
1623: Voto nas Cortes de Castela para a Galiza. Real
Cédula de 5 de abril de 1625.
1630: Proteção de holandeses. Restaurada.
1632: Certo livro escrito por um inquisidor atribui a
decadência portuguesa (devida, na verdade, mais à conquista espanhola) à
influência corruptora dos judeus. Continuou com ferocidade a perseguição
durante o XVII século, quase todas as vítimas eram portugueses imigrados à
Espanha depois de 1580.
1654: A aliança anglo-espanhola falhou porque Cromwell
exigia liberdade de culto para ingleses na Espanha e liberdade para comerciar
nas Índias espanholas.
1667: Os tratados seguintes continham a mesma proteção
de 1604 e 1630. Em 1667, 1713, 1763 e 1783.
1678-1691: Grande perseguição de judeus em Maiorca
(confiscação de bens). Três queimados VIVOS e restantes queimados depois de
«garrote-vil», «garrotados», dum total de trinta e sete.
A Inquisição perseguiu para além da HERESIA, a
feitiçaria, bigamia, instigação no confessionário e opiniões escandalosas e
perniciosas. A CENSURA DOS LIVROS. No XVIII século perseguiu o jansenismo,
racionalismo, Franco-Maçonaria. Nos fins do XVIII século acreditavam que a
feitiçaria implicava contrato real COM SATANÁS. Qualquer desvio da ESTRITA
MONOGAMIA (bigamia por exemplo) era capaz de provocar a recaída no islamismo.
Em tempos de Carlos III e do Marquês da Ensenada foram
numerosos os casos de bigamia com que ele (o Santo Ofício) lidou. O arquivo do
TRIBUNAL DE TOLEDO, no século XVIII e XIX, mostra ter sido o SEGUNDO na ordem
de frequência.
A Suprema Inquisição jamais negou categoricamente a
possibilidade de haver mulheres dotadas de poderes sobrenaturais devido a um
PACTO COM O DEMÓNIO.
Os padres seduzir mulheres no confessionário foi um dos
delitos que figura em MAIOR NÚMEROP no arquivo inquisitorial. Afirmar que a
fornicação entre pessoas solteiras não era pecado mortal FOI FREQUENTEMENTE
PUNIDO pela Inquisição.
Carlos III expulsa os jesuítas em 1767. O Conde de
Aranda, ministro de Carlos III, livre-pensador, logrou safar-se do Santo
Ofício. Em 1789 Carlos IV ordenou Santo Ofício perseguir os heréticos
revolucionários da França.