PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL DE FERROL
EXMO. SENHOR JAIME VELHO
MANUEL ZEBRAL LOPES com BI 32594383 e morada em Ferrol CP 15.406, rua Henrique Granados nº 3, 2º Esq, presidente de GALIZA SOLIDÁRIA registada nesse concelho com o nº 237, dirijo-me a você para
DIZER:
Na madrugada do dia 11 de Outubro de 1936, vai fazer sessenta e cinco anos, dezassete ou mais pessoas «fallecieron ... en Serantes ... a consecuencia de herida por arma de fuego, mejor dicho, haber sido pasado por las armas ... y sus cadáveres habrán de recibir sepultura en el cementerio de Serantes ...» cujos nomes e referências pessoais relacionamos:
1.- Carlos Dobarro Cao
2.- Nicolás Rovira Rivas, 26 anos, nascido em Ferrol, «barbero».
3.- Secundino Guimarey Plaza, 25, Cuntis.
4.- José Carrascosa Grinaldos, 47, Ferrol, pintor.
5.- José Hermida Cebreiro, 32, Ferrol, pintor.
6.- Juan de la Velena Rey Pena.
7.- Vicente Fernández Teijeiro, 44, Serantes-Ferrol, industrial.
8.- Jesus Rey Perez.
9.- Rodrigo Romero Rodríguez, 22, Fene (A Crunha).
10.- José Yanhez Quiza, 22, Carinho (A Crunha), lavrador.
11.- Albino Dopico Gutierrez, 25, Valdovinho, (A Crunha), lavrador.
12.- Manuel Verez Rodríguez.
13.- Gonzalo López Rodríguez.
14.- Genaro Baltasar López, 32, A Crunha, armador da Constructora Naval de Ferrol.
15.- Eugenio Casal Vila, 45, Baralhobre-FENE (A Crunha), carpinteiro.
16.- Juan Porto Tacón, 33, Fene (A Crunha), jornaleiro.
17.- Manuel Rego.
Segundo os nossos conhecimentos todos os anteditos foram afuzilados no Castelo de São Filipe, onde estavam presos, sem qualquer julgamento ou conselho de guerra. Apanhados ao acaso um por um, constituem o paradigma dos crimes contra a humanidade cometidos pelos militares espanhóis sublevados contra a legalidade democrática republicana sustentada na vontade popular. A conivência do «Cuerpo General» da Armada com o nazional-socialismo alemão imperante na altura acrescenta a necessidade de recuperarmos a memória das vítimas e restituir-lhes tudo o inerente à sua condição de seres humanos e condenar os carrascos, anónimos e impunes. Abrir as valas comuns e recuperar os restos de todas e cada uma dos pessoas genocidadas é uma tarefa ingente embora não impossível e, sobretudo, quanto antes começemos, antes podemos acabar.
Genaro Baltasar Lopes é o meu avô, casado com a minha avó, e pai da minha mãe. Ele foi um dos afuzilados: preso, torturado, sequestrado, assassinado, espoliado das suas pertenças pessoais, a família tardou mais de um mês em ter conhecimento do seu afuzilamento, ainda hoje não temos conhecimento demonstrado de onde e quais são os seus restos. Ainda hoje está «desaparecido» dos arquivos da Bazan, empresa na que trabalhou durante anos como armador (Constructora Naval). Ainda hoje está desaparecido dos arquivos do quartel de «Dolores», do «Tercio Norte», desde o qual participou na guerra de África sendo pouco mais que um adolescente.
O caso do meu avô não é exclussivo, é paradigma personalizado do genocídio cometido na Galiza, contra a população galega. Genocídios repetidos ao longo da história, muito mais intensos aquando o estado emocional e mental das pessoas está orientado para lograrmos a liberdade da Galiza e a sua união com Portugal. Repare na palavra de ordem do nazi-fascismo espanhol: «Contra el separatismo rojo y masón» que tentava agachar os projectos de futuro colectivo para a Galiza, condensados pelo Partido Galeguista com Castelão na Autodeterminação e uma única federação da Galiza e Portugal no quadro de uma República Federal Espanhola e uma Confederação Ibérica.
A recuperação da nossa memória histórica colectiva é a recuperação da memória histórica de seres humanos concretos, com nomes e apelidos, capazes de pensar e lutar por projectos concretos de futuro para a Galiza. É fazer homenagem público deles, proclamar a sua existência, a sua vida e a sua morte, porque só assim poderemos saber o que nos roubaram e não nos tornaram ainda hoje; por tudo o qual
1.- Carlos Dobarro Cao
2.- Nicolás Rovira Rivas, 26 anos, nascido em Ferrol, «barbero».
3.- Secundino Guimarey Plaza, 25, Cuntis.
4.- José Carrascosa Grinaldos, 47, Ferrol, pintor.
5.- José Hermida Cebreiro, 32, Ferrol, pintor.
6.- Juan de la Velena Rey Pena.
7.- Vicente Fernández Teijeiro, 44, Serantes-Ferrol, industrial.
8.- Jesus Rey Perez.
9.- Rodrigo Romero Rodríguez, 22, Fene (A Crunha).
10.- José Yanhez Quiza, 22, Carinho (A Crunha), lavrador.
11.- Albino Dopico Gutierrez, 25, Valdovinho, (A Crunha), lavrador.
12.- Manuel Verez Rodríguez.
13.- Gonzalo López Rodríguez.
14.- Genaro Baltasar López, 32, A Crunha, armador da Constructora Naval de Ferrol.
15.- Eugenio Casal Vila, 45, Baralhobre-FENE (A Crunha), carpinteiro.
16.- Juan Porto Tacón, 33, Fene (A Crunha), jornaleiro.
17.- Manuel Rego.
Segundo os nossos conhecimentos todos os anteditos foram afuzilados no Castelo de São Filipe, onde estavam presos, sem qualquer julgamento ou conselho de guerra. Apanhados ao acaso um por um, constituem o paradigma dos crimes contra a humanidade cometidos pelos militares espanhóis sublevados contra a legalidade democrática republicana sustentada na vontade popular. A conivência do «Cuerpo General» da Armada com o nazional-socialismo alemão imperante na altura acrescenta a necessidade de recuperarmos a memória das vítimas e restituir-lhes tudo o inerente à sua condição de seres humanos e condenar os carrascos, anónimos e impunes. Abrir as valas comuns e recuperar os restos de todas e cada uma dos pessoas genocidadas é uma tarefa ingente embora não impossível e, sobretudo, quanto antes começemos, antes podemos acabar.
Genaro Baltasar Lopes é o meu avô, casado com a minha avó, e pai da minha mãe. Ele foi um dos afuzilados: preso, torturado, sequestrado, assassinado, espoliado das suas pertenças pessoais, a família tardou mais de um mês em ter conhecimento do seu afuzilamento, ainda hoje não temos conhecimento demonstrado de onde e quais são os seus restos. Ainda hoje está «desaparecido» dos arquivos da Bazan, empresa na que trabalhou durante anos como armador (Constructora Naval). Ainda hoje está desaparecido dos arquivos do quartel de «Dolores», do «Tercio Norte», desde o qual participou na guerra de África sendo pouco mais que um adolescente.
O caso do meu avô não é exclussivo, é paradigma personalizado do genocídio cometido na Galiza, contra a população galega. Genocídios repetidos ao longo da história, muito mais intensos aquando o estado emocional e mental das pessoas está orientado para lograrmos a liberdade da Galiza e a sua união com Portugal. Repare na palavra de ordem do nazi-fascismo espanhol: «Contra el separatismo rojo y masón» que tentava agachar os projectos de futuro colectivo para a Galiza, condensados pelo Partido Galeguista com Castelão na Autodeterminação e uma única federação da Galiza e Portugal no quadro de uma República Federal Espanhola e uma Confederação Ibérica.
A recuperação da nossa memória histórica colectiva é a recuperação da memória histórica de seres humanos concretos, com nomes e apelidos, capazes de pensar e lutar por projectos concretos de futuro para a Galiza. É fazer homenagem público deles, proclamar a sua existência, a sua vida e a sua morte, porque só assim poderemos saber o que nos roubaram e não nos tornaram ainda hoje; por tudo o qual
SOLICITO:
O salão de plenos da Câmara Municipal e a sua presença nos actos de homenagem e recuperação da memória histórica para as pessoas afuziladas em 11 de Outubro de 1936, que queremos celebrar, sessenta e cinco anos depois, em 11 de Outubro de 2001 ao meio-dia.
Com os melhores cumprimentos
Com os melhores cumprimentos
Em Ferrol, a 26 de Setembro de 2001
ASSDO: MANUEL ZEBRAL LOPES
ASSDO: MANUEL ZEBRAL LOPES
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