quarta-feira, 27 de agosto de 2008

CASTELÃO E A COLONIZAÇÃO DA GALIZA (distribuídas 400 folhas às 13 h. da Terça-Feira, 26 de Agosto de 2008 na porta Taxonera da Bazan)

Castelão escrevera no Livro III do seu Sempre em Galiza, datado em Buenos Aires em 1943, como introdução às levas de homens que a Galiza sofria o que se segue: «A Junta [do Reino da Galiza] pois, era o consabido órgão que ainda hoje se utiliza por comodidade em algumas colónias para «enchufar» nele o tubo absorvente do Império (...)» e continua: as levas de homens na Galiza faziam-se por ordem do rei contra as suas próprias Reales Órdenes e sem respeitar o capitulado na Junta do Reino [da Galiza]. Assim, por exemplo, em 1639, “en la Armada Real que llevó a Flandes António de Oquendo, el gobernador de Galiza embarcó por la fuerza a veintiocho mil labradores”. Esse mesmo «Poncio» embarcou pela força os labregos das milícias que foram a A Crunha para guardarem aquela praça, “siendo todos casados y con família”; por certo que para armar novas milícias e ter com que defender o País, a Junta levantou 25.000 ducados “y estando em poder de los Depositários se valió Su Magestad de ellos y hasta ahora no se ha dado satisfacción”. Apenas na guerra de Portugal (já falaremos disto) [nunca mais falou, nem historiador nenhum a dia de hoje] “se consumieron las vidas de más de doscientos mil hombres (...) se perdieron muchas cosas que no se han vuelto a restituir”. Enfim, por efeito das levas – segundo os livros da Contaduria do Reino – a população da Galiza baixou em quinze anos, desde 1628 até 1643, de cento e vinte e cinco mil famílias a oitenta mil [quarenta e cinco mil famílias desaparecidas! Segundo A História dA Nosa Terra, em 1630 a Galiza tinha 630.000 habitantes, em 1700, 560.000]. Por que a bravura galega não se sublevou? – dirão alguns – porque carecíamos de armas – respondemos nós. E senão lede este trecho duma acta de 1643: “Por todo lo cual es necesario se suplique a Su Magestad se sirva mandar armas a este Reino y se entreguen a los naturales de él, como está capitulado en otra Junta, en virtud de lo que se hizo repartimiento para dicho efecto y está cobrado y entregado en el arca de Su Magestad”.
As armas porém nunca chegaram.
Também a Galiza pagou uma Esquadra para a defesa das suas costas e a Junta concedeu, para conservá-la e mantê-la, os arbítrios do peixe que se arrendaram a 40.000 ducados anuais. Pois bem, essa Armada – pagada, fornecida e tripulada [construída?] por galegos e para serviço da Galiza – levou-se por ordem de El-Rei a Guetária onde se queimou, “y sin haberla vuelto a formar, se continuaron las pagas de dichos arbítrios y las invasiones de los enemigos (...). Para ver como se nos estruchava, diremos que em 1685, o duque de Verágua, em pessoa, saiu pela Galiza adiante, arrepanhando de todos, ricos e pobres, o pouco dinheiro que acabava de nos entrar pelos portos, “quedando los naturales cargados de débitos y empeñados, y que por esto, HUYENDO A LAS EJECUCIONES, han dejado muchos sus casas y sus famílias”.
Acabamos de pintar com traços verídicos a colonização da Galiza sob as garras austríacas [válido para as bourbónicas] e o que a Junta do Reino [da Galiza] representava como corporação autóctone.
Castelão conta-nos, também, que em 1623, Filipe IV da Espanha e III de Portugal restituiu o voto em Cortes [de los Reinos y las Províncias de la Corona de Castilla] à Galiza, depois de 275 anos privada dele. A concessão fez-se por conselho do primeiro ministro de Filipe III de Portugal, que era o conde de Monte-Rei para afogar com esse favor o desassossego que se sentia na Galiza por contágio de Portugal. Pode, pois, dizer-se que a concessão do voto evitou uma sublevação na Galiza e, aliás, a sua INDEPENDÊNCIA. Reitera Castelão que a Galiza, apesar da sua pobreza, regalava-lhe à Coroa de Castela, junto com o usufruto dos foros senhoriais, TRÊS VEZES MAIS do que pagavam os outros povos espanhóis. E o tributo económico corria paralelo com o tributo de sangue, pois, é sabido que, aparte da esquadra, Galiza sustinha então, um exército que apenas se armava quando lhe convinha a El-Rei, quer dizer, quando era levado à morte (...) Esse exército custou-nos, no tempo dito, mais de treze milhões de ducados e mais de sessenta e oito mil homens sem contar, claro está, os que levava El-Rei, a todas as fronteiras de guerra (apenas para a guerra de Portugal servimos à Coroa com 258.000 soldados). Os gastos medravam com o tempo, e assim vemos que, no fim do período, já nos custava vestir e atender os dez mil infantes, que compunham as nossas milícias, mais de nove centos mil ducados cada ano; e conste que a Galiza pagava, também, o armamento das suas milícias mas nunca as viu armadas, como não fosse quando estavam na fronteira destinadas a não volverem (...) Bem sabia El-Rei que não cumpria entregar armas aos Galegos (...)
No começo do século XXI o quadro do que a Galiza sofre «com democrática PAZ» não é tão diferente: INSURREIÇÃO. Em Ferrol, 3ª F, 26/08/2008
COMISSÃO PARA A REUNIFICAÇÃO NACIONAL DA GALIZA E PORTUGAL

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