Castelão escrevera no Livro III do seu Sempre em Galiza, datado em Buenos Aires em 1943, como introdução às levas de homens que a Galiza sofria o que se segue: «A Junta [do Reino da Galiza] pois, era o consabido órgão que ainda hoje se utiliza por comodidade em algumas colónias para «enchufar» nele o tubo absorvente do Império (...)» e continua: as levas de homens na Galiza faziam-se por ordem do rei contra as suas próprias Reales Órdenes e sem respeitar o capitulado na Junta do Reino [da Galiza]. Assim, por exemplo, em 1639, “en la Armada Real que llevó a Flandes António de Oquendo, el gobernador de Galiza embarcó por la fuerza a veintiocho mil labradores”. Esse mesmo «Poncio» embarcou pela força os labregos das milícias que foram a A Crunha para guardarem aquela praça, “siendo todos casados y con família”; por certo que para armar novas milícias e ter com que defender o País, a Junta levantou 25.000 ducados “y estando em poder de los Depositários se valió Su Magestad de ellos y hasta ahora no se ha dado satisfacción”. Apenas na guerra de Portugal (já falaremos disto) [nunca mais falou, nem historiador nenhum a dia de hoje] “se consumieron las vidas de más de doscientos mil hombres (...) se perdieron muchas cosas que no se han vuelto a restituir”. Enfim, por efeito das levas – segundo os livros da Contaduria do Reino – a população da Galiza baixou em quinze anos, desde 1628 até 1643, de cento e vinte e cinco mil famílias a oitenta mil [quarenta e cinco mil famílias desaparecidas! Segundo A História dA Nosa Terra, em 1630 a Galiza tinha 630.000 habitantes, em 1700, 560.000]. Por que a bravura galega não se sublevou? – dirão alguns – porque carecíamos de armas – respondemos nós. E senão lede este trecho duma acta de 1643: “Por todo lo cual es necesario se suplique a Su Magestad se sirva mandar armas a este Reino y se entreguen a los naturales de él, como está capitulado en otra Junta, en virtud de lo que se hizo repartimiento para dicho efecto y está cobrado y entregado en el arca de Su Magestad”.
As armas porém nunca chegaram.
Também a Galiza pagou uma Esquadra para a defesa das suas costas e a Junta concedeu, para conservá-la e mantê-la, os arbítrios do peixe que se arrendaram a 40.000 ducados anuais. Pois bem, essa Armada – pagada, fornecida e tripulada [construída?] por galegos e para serviço da Galiza – levou-se por ordem de El-Rei a Guetária onde se queimou, “y sin haberla vuelto a formar, se continuaron las pagas de dichos arbítrios y las invasiones de los enemigos (...). Para ver como se nos estruchava, diremos que em 1685, o duque de Verágua, em pessoa, saiu pela Galiza adiante, arrepanhando de todos, ricos e pobres, o pouco dinheiro que acabava de nos entrar pelos portos, “quedando los naturales cargados de débitos y empeñados, y que por esto, HUYENDO A LAS EJECUCIONES, han dejado muchos sus casas y sus famílias”.
Acabamos de pintar com traços verídicos a colonização da Galiza sob as garras austríacas [válido para as bourbónicas] e o que a Junta do Reino [da Galiza] representava como corporação autóctone.
Castelão conta-nos, também, que em 1623, Filipe IV da Espanha e III de Portugal restituiu o voto em Cortes [de los Reinos y las Províncias de la Corona de Castilla] à Galiza, depois de 275 anos privada dele. A concessão fez-se por conselho do primeiro ministro de Filipe III de Portugal, que era o conde de Monte-Rei para afogar com esse favor o desassossego que se sentia na Galiza por contágio de Portugal. Pode, pois, dizer-se que a concessão do voto evitou uma sublevação na Galiza e, aliás, a sua INDEPENDÊNCIA. Reitera Castelão que a Galiza, apesar da sua pobreza, regalava-lhe à Coroa de Castela, junto com o usufruto dos foros senhoriais, TRÊS VEZES MAIS do que pagavam os outros povos espanhóis. E o tributo económico corria paralelo com o tributo de sangue, pois, é sabido que, aparte da esquadra, Galiza sustinha então, um exército que apenas se armava quando lhe convinha a El-Rei, quer dizer, quando era levado à morte (...) Esse exército custou-nos, no tempo dito, mais de treze milhões de ducados e mais de sessenta e oito mil homens sem contar, claro está, os que levava El-Rei, a todas as fronteiras de guerra (apenas para a guerra de Portugal servimos à Coroa com 258.000 soldados). Os gastos medravam com o tempo, e assim vemos que, no fim do período, já nos custava vestir e atender os dez mil infantes, que compunham as nossas milícias, mais de nove centos mil ducados cada ano; e conste que a Galiza pagava, também, o armamento das suas milícias mas nunca as viu armadas, como não fosse quando estavam na fronteira destinadas a não volverem (...) Bem sabia El-Rei que não cumpria entregar armas aos Galegos (...)
No começo do século XXI o quadro do que a Galiza sofre «com democrática PAZ» não é tão diferente: INSURREIÇÃO. Em Ferrol, 3ª F, 26/08/2008
COMISSÃO PARA A REUNIFICAÇÃO NACIONAL DA GALIZA E PORTUGAL
As armas porém nunca chegaram.
Também a Galiza pagou uma Esquadra para a defesa das suas costas e a Junta concedeu, para conservá-la e mantê-la, os arbítrios do peixe que se arrendaram a 40.000 ducados anuais. Pois bem, essa Armada – pagada, fornecida e tripulada [construída?] por galegos e para serviço da Galiza – levou-se por ordem de El-Rei a Guetária onde se queimou, “y sin haberla vuelto a formar, se continuaron las pagas de dichos arbítrios y las invasiones de los enemigos (...). Para ver como se nos estruchava, diremos que em 1685, o duque de Verágua, em pessoa, saiu pela Galiza adiante, arrepanhando de todos, ricos e pobres, o pouco dinheiro que acabava de nos entrar pelos portos, “quedando los naturales cargados de débitos y empeñados, y que por esto, HUYENDO A LAS EJECUCIONES, han dejado muchos sus casas y sus famílias”.
Acabamos de pintar com traços verídicos a colonização da Galiza sob as garras austríacas [válido para as bourbónicas] e o que a Junta do Reino [da Galiza] representava como corporação autóctone.
Castelão conta-nos, também, que em 1623, Filipe IV da Espanha e III de Portugal restituiu o voto em Cortes [de los Reinos y las Províncias de la Corona de Castilla] à Galiza, depois de 275 anos privada dele. A concessão fez-se por conselho do primeiro ministro de Filipe III de Portugal, que era o conde de Monte-Rei para afogar com esse favor o desassossego que se sentia na Galiza por contágio de Portugal. Pode, pois, dizer-se que a concessão do voto evitou uma sublevação na Galiza e, aliás, a sua INDEPENDÊNCIA. Reitera Castelão que a Galiza, apesar da sua pobreza, regalava-lhe à Coroa de Castela, junto com o usufruto dos foros senhoriais, TRÊS VEZES MAIS do que pagavam os outros povos espanhóis. E o tributo económico corria paralelo com o tributo de sangue, pois, é sabido que, aparte da esquadra, Galiza sustinha então, um exército que apenas se armava quando lhe convinha a El-Rei, quer dizer, quando era levado à morte (...) Esse exército custou-nos, no tempo dito, mais de treze milhões de ducados e mais de sessenta e oito mil homens sem contar, claro está, os que levava El-Rei, a todas as fronteiras de guerra (apenas para a guerra de Portugal servimos à Coroa com 258.000 soldados). Os gastos medravam com o tempo, e assim vemos que, no fim do período, já nos custava vestir e atender os dez mil infantes, que compunham as nossas milícias, mais de nove centos mil ducados cada ano; e conste que a Galiza pagava, também, o armamento das suas milícias mas nunca as viu armadas, como não fosse quando estavam na fronteira destinadas a não volverem (...) Bem sabia El-Rei que não cumpria entregar armas aos Galegos (...)
No começo do século XXI o quadro do que a Galiza sofre «com democrática PAZ» não é tão diferente: INSURREIÇÃO. Em Ferrol, 3ª F, 26/08/2008
COMISSÃO PARA A REUNIFICAÇÃO NACIONAL DA GALIZA E PORTUGAL
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