terça-feira, 5 de setembro de 2006

A VOZ DAS VÍTIMAS DO FRANQUISMO

Dentre os actos de comemoração das vítimas do franquismo na Galiza que acompanham o Barco da Memória fretado pela Conselharia da Cultura, destaca, com muito, o celebrado no molhe de Ferrol às 19,30 horas da quinta-feira, 23 de Agosto de 2006 denominado A VOZ DAS VÍTIMAS DO FRANQUISMO com uma assistência de cerca de quatro centas pessoas para ouvir a voz de vinte vítimas e/ou familiares, acompanhadas doutras explicitamente IDENTIFICADAS que não quiseram falar. Embora os avisados falhos de «megafonia» e do desigual reparto dos tempos de voz que diminuíram o acto e as vozes, foi um NOTÁVEL SUCESSO ouvirmos juntos, a primeira vez em 70 anos em Ferrol, os testemunhos de tanto sofrimento, tanto massacre e tanta injustiça à força SILENCIADA: Anido, a fortaleza da resistência ao franquismo-nazismo do Exército Guerrilheiro da Galiza, Carvalho, a denúncia dos campos de concentração da Armada, o da «Escollera», a piscina da Escola de Máquinas e o massacre dos prisioneiros republicanos metralhando-os na Ponta do Martelo, familiares de Lopes Bouça, dos irmãos Pita Armada, a denúncia dos nomes dos assassinos e outros testemunhos que ouvimos, e os que não quiseram falar e os que não assistiram, DIMENSIONAM a repressão, e portanto a importância e significância, de Ferrol, quantitativamente a maior da Galiza e relativamente só superado por Tui. As muitas mais de 800 vítimas de Ferrol, com certeza, cerca das duas mil, precisam JUSTIÇA e dão-lhe um carácter PLURALISTA, ABERTO E INTERNACIONAL a qualquer comemoração que queira por em primeiro lugar a pessoa, o indivíduo, com nome, apelidos e biografia. NÓS ASPIRAMOS A ISSO, aspiramos a nos juntar as cerca de duas mil vítimas e familiares o tempo que for preciso para ninguém ficar fora e/ou SILENCIADO. O Castelo de São Filipe, a «Escollera», a Escola de Máquinas, a Ponta do Martelo, etc., têm que ser lugares onde as fotos e as biografias das vítimas pendurem das paredes, MUSEUS DA MEMÓRIA com a mesma categoria que os mais sinistros campos de concentração nazi. E este carácter pluralista, aberto e internacional colide com os interesses bastardos, os grandes, os meãos e os pequenos, dos da AMNÉSIA HISTÓRICA (PP) e os desmemoriados da MEMÓRIA HISTÓRICA (PSOE) que CENSURAM, sem o conseguir silenciar, que muitas das vítimas de Ferrol e da Galiza defendiam UMA REPÚBLICA FEDERATIVA DA GALIZA E PORTUGAL, não apenas Castelão e o Partido Galeguista, também muitas da Frente Popular, caso do notável Jaime Quintanilha Martínez, Lopes Bouça, etc., república que desfrutaríamos se não foram assassinados. Hoje representamos essa República galego-portuguesa com as bandeiras portuguesa e galega com estrela vermelha UNIDAS, e ninguém pode reprimir, como se tem feito, proclamar isso; proibiríamos nos actos as bandeiras da procedência das vítimas, da Bulgária, de México, dos EUA, de Astúrias, de Cantábria, a ikurrinha, etc. Não, com certeza; se proibimos a bandeira portuguesa unida com a galega, exercemos de TIRANOS. E a mais subtil TIRANIA exerce-se sobre Ferrol na comemoração do ANO DA MEMÓRIA; comecemos pelo princípio; a Conselharia de Cultura, por que não o governo galego?, comemora os mártires do mar, (a repressão franquista sobre os marinheiros galegos): EXCLUI radicalmente FERROL -e o resto da Galiza- onde a repressão foi operária e das classes baixas da Armada, sobretudo cabos; nós colocamos a questão na Comissão Ferrol Terra a Nossa Memória sem obtermos mais resposta que sermos vexados e insultados; na própria Comissão, a nossa proposta de dar VOZ ÀS VÍTIMAS DO FRANQUISMO foi avante graças, como sempre, ao trabalho silencioso e humilde das pessoas ANÓNIMAS, as que não saem na foto; as que saem pisam a todas as outras para por cima delas, desde a sua «superioridade» de classe, sabotar o trabalho silencioso e humilde de resgatar e projectar a voz das vítimas do franquismo, sabotagem em concordância com os bastardos interesses ppsoecialistas. A projecção dos média também põe de relevo a EXCLUSÃO DE FERROL, desde a censura quase total da Voz de Galicia -que dizer da TVG?- à «favorável» publicação do Diário de Ferrol que anunciando muito os actos de Mugardos tenta esvaziar os de Ferrol: duas primeiras páginas em destaque com duas interiores de informação diária face nenhuma primeira página e apenas uma ou quarta página diária para os actos de Ferrol ocultados com a COINCIDENTE exumação de As Pontes e o achádego dos restos do alcaide de Serantes, notícias que ocuparam o sítio que lhe correspondia á voz das vítimas do franquismo em Ferrol: a primeira página e em destaque. A publicação da resenha acerca de Francisco Martínez Leira, «Pancho», apenas pode ser interpretada como uma rectificação insuficiente da clamorosa NEGATIVA à nossa proposta de homenagem com o barco da Memória atracado em Mugardos. Em qualquer caso o ÊXITO da comemoração em Ferrol, sobretudo, o dar VOZ ÀS VÍTIMAS DO FRANQUISMO DEMONSTRA QUE A FORÇA DEMOCRÁTICA reside nelas, nas vítimas, na cidadania e não em SÁBIOS E HISTORIADORES dominados pela «glória mediática» e os «direitos de autor» ou os bastardos interesses ppsoecialistas da Reconciliação Nacional que foi, é e será garantir a IMPUNIDADE dos que em Ferrol cometeram crime de GENOCÍDIO, que nunca prescreve e do que é competente a Audiência Nacional; a que espera o Poder, e nunca melhor dito, Judicial para agir? setenta anos depois concordam com o GENOCÍDIO? haverá que os julgar a eles?. (Em Ferrol, quarta-feira, 30 de Agosto de 2006)
COMISSÃO PARA A REUNIFICAÇÃO NACIONAL DA GALIZA E PORTUGAL

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