sábado, 23 de março de 2013

CARTA A XAVIER VENCE E ÀS PESSOAS INTEGRANTES DO CONSELHO NACIONAL DO BNG enviada por e-mail em Sábado, 23 de Março de 2013


 
Caro amigo Xavier Vence:

Li com atenção o seu discurso para clausurar a XIV Assembleia Nacional do BNG. Escrevo-lhe porque julgo que a Assembleia Nacional do BNG com mais de duas mil pessoas pode, tem de se tornar a Assembleia Nacional não do BNG mas da Galiza, tem de se tornar Assembleia Nacional da Galiza com centenas de milhares mesmo milhões de pessoas MOBILIZADAS na defesa da liberdade nacional da Galiza cujo reconhecimento legal, como você sabe, é o de NACIONALIDADE HISTÓRICA, temos Estatuto de Autonomia PORQUE somos uma nacionalidade histórica, aliás, assim reconhecido na Constituição do denominado Reino da Espanha que tem assinado e ratificado, portanto integrado nas leis espanholas, o Pacto Internacional pelos Direitos Civis e Políticos e o Pacto Internacional pelos Direitos Económicos, Sociais e Culturais que obrigam o Chefe do Estado e o governo do Reino a reconhecer e mesmo promover o exercício do direito de livre determinação da Galiza e de respeitar esse direito em concordância com as disposições da Carta dos Povos das Nações Unidas.

A NACIONALIDADE HISTÓRICA que a Galiza é, tem reconhecido nas leis internacionais e espanholas o direito de livre determinação e o seu exercício mesmo promovido pelo Reino da Espanha, de estabelecer livremente a sua condição política, o seu desenvolvimento económico, social e cultural. Para lograr os seus fins o povo galego pode dispor livremente das suas riquezas e recursos naturais embora as obrigas derivadas da cooperação económica baseada no princípio do benefício recíproco também como do direito internacional. Em caso nenhum poderá privar-se ao povo galego dos seus meios de subsistência como, desculpe-me começar por aqui, durante décadas se leva privando ao PROLETARIADO ferrolano e galego do seu próprio meio de subsistência denominado ASTANO, estaleiros navais da Ria de Ferrol em Fene aos que se lhes priva desde 30 de Junho de 1983 de CONSTRUIR BARCOS da parte dos governo europeu, espanhol e galego.

Começar por ASTANO é, para mim, INEVITÁVEL ao afirmar que o dito TRI-GOVERNO leva mais de três décadas a VIOLAR OS DIREITOS do proletariado, o povo galego e a Galiza, direitos reconhecidos nas leis espanholas e internacionais. Portanto o proletariado, o povo galego e a Galiza têm o DEVER inescusável de CONSEGUIR o cumprimento dos direitos que nos reconhecem as leis espanholas e universais. Tarefa que requer a UNIDADE da classe operária e a UNIDADE sindical, tarefa que requer a UNIÃO do povo galego e a GALIZA UNIDA. Eis donde surde a necessidade e urgência de tornar a Assembleia Nacional do BNG em Assembleia Nacional da Galiza. Por que Assembleia Nacional da Galiza e não outra denominação? Porque é democrática, assembleária, aberta, igualitária, livre, fraterna e sobretudo está em CONCORDÂNCIA com a denominação histórica com que o povo galego se dotou para organizar a sua UNIDADE e lutar pela sua liberdade nacional referenciada, como você cita, na Assembleia Nacionalista de Lugo que começa em 17 de Novembro de 1918, justo um ano depois da VITÓRIA democrática da Humanidade nos que se denominaram Dez Dias que Abalaram o Mundo, a revolução soviética, e eu não posso menos do que acrescentar a sua importância e atualidade realçando a proposta de António Vilar Ponte, assumida pela dita Assembleia, em que se formulavam princípios como os que se seguem:

1.       A liberdade e a independência de Portugal consideramo-la os galegos como a nossa mesma liberdade e independência e estaremos dispostos decote a erguermo-nos violentamente contra os que quisessem esnaquiçar aquela.

2.       Galiza considera o Português como o Galego nacionalizado e modernizado…

3.       Galiza considera que ela com Portugal forma NAÇÃO COMPLETA talhada pelo fatalismo histórico.

4.       Os nacionalistas galegos têm de acordar dirigirem-se ao governo português com o objeto de que ele na Conferência de Paz dentro da Liga das Nações se faça intérprete do nosso desejo de autonomia integral (verdadeira independência).

Mais uma vez peço desculpas pela extensão das citações só que considero um dever esclarecer e contribuir para uma mobilização viva e debatedora, combate acompanhado do inevitável debate, porque o proletariado, o povo galego e a Galiza não podem esperar, não pode ser «uma andaina de longo prazo», temos o dever de SALVAR VIDAS das pessoas a integrarem as organizações políticas, sindicais, sociais, ecologistas, feministas, do estudantado, de jovens, culturais, desportivas, vizinhais, redes sociais, religiosas, dos média, associações profissionais, empresariais, clubes de todo tipo e pessoas integrantes do povo galego, uma a uma, porque a morte, a fome, a miséria e o desemprego são um realidade e uma letal ameaça de presente e futuro imediato nomeadamente em Ferrol com cerca de duas mil pessoas despedidas dos estaleiros navais em muito pouco tempo, e quanto antes comecemos o COMBATE SOBERANISTA antes alcançaremos a SOBERANIA que salva vidas das pessoas mais vulneráveis, cerca ou mais de 300.000 pessoas galegas desempregadas e emigradas, submetidas de repente a uma brutal e letal CARÊNCIA.

Veja que é uma questão de EMERGÊNCIA das pessoas a integrarem o povo galego, é uma questão de EMERGÊNCIA NACIONAL, portanto é urgente o BNG PUBLICAMENTE marcar uma reunião em regímem de auto convocatória, sem excluir ninguém, para pessoas, entidades e instituições (concelhos, deputações…) para constituirmos a Assembleia Nacional da Galiza baseada em mobilizar para conseguir exercer os direitos que  nos reconhecem as leis espanholas e internacionais. Veja que ninguém se pode negar a defender o cumprimento da lei sob pena de ficar à margem e contra o povo galego. Se o PSdeG-PSOE ou EU assumirem o dito, exclui-los-emos por serem de obediência de Madrid? Não assumiu o PS da Catalunha a defesa do direito a decidir do povo catalão?

Veja que é uma EMERGÊNCIA maior da que a da maré negra do Prestige que levou o BNG a anunciar uma reunião em Compostela em regímem de auto convocatória para pessoas, entidades e instituições em 21 de Novembro de 2002 em que tive a honra de participar representando a Comissão para a Reunificação Nacional da Galiza e Portugal, para constituirmos a Plataforma Cidadã «Nunca Mais» e lograr a maior mobilização da história recente da Galiza em 1 de Dezembro de 2002.

Lembre que a Comissão para Estudar a Reforma do Estatuto de Autonomia, durante o governo do BNG-PSdeG-PSOE, citou mais dum cento de pessoas e entidades galegas das que a IMENSA maioria se pronunciaram PUBLICAMENTE em favor da autodeterminação da Galiza sem que houvesse a iniciativa de as UNIR, organizar e mobilizar para vencer a resistência do PP e não apenas.

Repare que a Plataforma Cidadã «Querermos Galego» foi capaz de encher a Praça do Obradoiro com pessoas a defendererem a nossa língua contra o RACISMO do PP até que em 5 de Fevereiro de 2011 assinaram Guilherme Vazquez, Afonso Rueda e os três sindicatos maioritários aquele manifesto e tudo foi esboroado exceto o governo do PP.

Veja que não estamos sós, que a iniciativa que tiveram junto com Amaiur e ERC no Parlamento espanhol de apresentar uma Proposição de Lei em favor do exercício do direito de livre determinação da Galiza, a Catalunha e Euskal Herria acompanha e enche de contido e razão a constituição da Assembleia Nacional da Galiza. O contido da Proposição de Lei está em concordância com o que nós estamos a URGIR sabendo que o BNG não é tudo mas é muito.

Considere que não estamos sós, acompanham-nos todos os países que usam a nossa língua e as suas variantes, oito repúblicas soberanas e de recente independência que constituíram a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, repúblicas e CPLP experientes em soberania, livre determinação e independência, tendo que realçar o trabalho da CPLP em favor da autodeterminação do Timor Leste que determinou a sua independência. Tudo esse trabalho em favor do Timor Leste da CPLP, desde a sua criação em Julho de 1996, foi acompanhado por nós e através de nós a CPLP reconhecia os direitos nacionais da Galiza até que um ataque combinado dos governos de Aznar e Fraga esteve a ponto de REBENTAR A CPLP pelo perigo que representávamos não apenas nós mas a Galiza e os seus imprescritíveis direitos nacionais.

Que não estamos sós, nós podemos afirmar depois do trabalho que estivemos a fazer em Genebra os anos 2004 e 2006, acreditados por diferentes organizações, Associação Americana de Juristas e FSM, na ONU em favor da soberania, livre determinação e independência da Galiza.

Estabeleça a proporcionalidade pertinente entre a mobilização promovida pela Assemblea Nacional Catalana em 11 de Setembro de 2012 e a capacidade de mobilização do povo galego através da constituição da Assembleia Nacional da Galiza, com certeza mais humilde. Já sabe que os humildes não temos nem autoconfiança nem, e sobretudo, autofinança. Qualquer pessoa desempregada ou pensionista teria muitas dificuldades ou não poderia pagar os quarenta Euros que a Assembleia Nacional Catalana estabelece para ter direito ao voto.

A luta das classes existe, com certeza e podemos afirmar que foi a luta do proletariado mundial particularmente a aliança obreira-campesina-soldados-marinheiros a meio da INSURREIÇÃO que determinou Vladimir Illich Ulianov, Lenine e Iosif Dzhugaskvili, Estaline DECRETAREM o direito dos povos da Rússia à livre autodeterminação até à sua separação e constituição de estados independentes. A meio de uma INSURREIÇÃO e não de uma MAIORIA eleitoral, aliás, impossível na Galiza sem ACABAR COM A FRAUDE ELEITORAL DO PP.

Direito de INSURREIÇÃO reconhecido à Galiza e aos povos no preâmbulo da Carta dos Povos das Nações Unidas também como no artigo 7.3 da Constituição da República portuguesa: Portugal reconhece o direito dos povos (à Galiza) à autodeterminação e independência e ao desenvolvimento bem como à INSURREIÇÃO contra todas as formas de opressão.

Esse direito de REBELIÃO, DE REVOLTA, do povo galego, o seu exercício não é, nem pode ser espontâneo, «até que a gente se rebele», a gente está REBELADA, só que o povo galego precisa VER, OUVIR, SENTIR, CHEIRAR o seu Estado Maior UNIDO E DETERMINADO que o conduza para a VITÓRIA e isso só pode ser com a Assembleia Nacional da Galiza, livre de estilos, modais e talantes próprios de fascistas ou nazis, impróprios no nosso campo, que nós levamos anos e no presente a sofrer, vexame, humilhação, ameaças, mesmo violência, que cumpre ERRADICAR.

Numa palavra, assuma, assumam, este repto da Assembleia Nacional da Galiza com coragem. MARQUEM REUNIÃO. MARQUEM REUNIÃO NO SEQUESTRADO PARLAMENTO GALEGO. Nós encorajamos e urgimos com a sabedoria das classes trabalhadoras galegas: «TRABALHO FEITO NÃO TEM PRESSA».

Com os melhores cumprimentos

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