Castelão na melhor e mais pedagógica definição de Portugal (a Galiza do além-Minho), página 231 do Sempre em Galiza, AKAL, 1973, condensou a necessidade da REUNIFICAÇÃO das duas Galizas deslocadas, da UNIÃO republicana da Galiza e Portugal, sendo ele em Nova Iorque e no navio «Argentina» nos meses desde Janeiro até Julho de 1940, segundo deixou escrito, «um refugiado político a quem lhe negaram toda carta de cidadania». Realçamos isto porque o Sempre em Galiza é um milagre que projecta a IMENSA força interna de um ser humano alagado do sofrimento colectivo e secular de um povo condenado a viver fracturado na escravatura confrontado entre si no «civilizado» contexto europeu e ocidental.
Castelão, assim encorajado, começa a escrever no degredo de Badajoz em Abril-Outubro de 1935; continua em Valência e Barcelona a fins de 1937; em Nova Iorque-Océano Atlântico em 1940; em Buenos Aires em 1943 e navegando no paquete «Campana» em 25 de Julho-Agosto de 1947. Durante doze anos da sua activa vida política, sofrendo a brutal perseguição do nacional-socialismo, ele é capaz, em períodos muito curtos, de exprimir nos quatro livros que integram o Sempre em Galiza, INACABADA obra, os desejos colectivos, a vontade popular das duas Galizas deslocadas, a vontade popular da Galiza e Portugal de UNIDADE REPUBLICANA.
O Sempre em Galiza é um milagre que projecta através de Castelão a infinita força de um povo, o galego-português, a combater pela sua Liberdade e Unidade. Essa infinita força reflecte-se, como ele disse, num mesmo ideal: a República Federativa da Galiza e Portugal.
O imenso avanço doutrinário, ideológico, político da Galiza que significou o Sempre em Galiza de Castelão, INACABADA obra em 1947, sessenta e um anos depois, esvaziou-se para recuar até o estremo que o imperialismo monárquico espanhol determina para manter a sua cómoda espoliação da Galiza. E isso também é responsabilidade nossa, responsabilidade das pessoas, entidades e instituições da Galiza e de Portugal. Não podemos viver séculos e séculos e muito menos no século XXI com os olhos cegos sem querermos ver e transladar ao campo político o que proclamam a geografia, a cultura, a língua, etc., A UNIDADE NACIONAL DA GALIZA E PORTUGAL e, portanto, o direito dos povos galego e português a viverem unidos na República Federativa da Galiza e Portugal.
Começar a acabar a INACABADA obra de Castelão, o Sempre em Galiza, é assumirmos e proclamarmos o fulcro do pensamento e acção da sua VIDA e da sua MORTE, A UNIÃO REPUBLICANA DA GALIZA E PORTUGAL, no campo político, sindical, cidadão, institucional, quer dizer, partidos políticos, sindicatos e entidades cidadãs galego-portuguesas, instituições galego-portuguesas, e todo isso no contexto concreto que estamos a viver (CPLP, UE, ONU, etc.). Todas as iniciativas individuais determinarão as iniciativas colectivas. Agir UNIDAS a Galiza e Portugal multiplica até o infinito o progresso e não apenas o próprio mas o da Europa e da Humanidade porque cavalgamos sobre dous gigantes, um, a socialista «Revolução dos Cravos» dos povos português e dos povos livres das suas colónias; outro, as mobilizações da Galiza contra a maré negra do Prestige e posteriores. Um e outro provam, na nossa opinião, que a maçã galego-portuguesa está madura para as maiores empresas quer sejam empresas particulares quer sejam empresas universais.
A UNIÃO DO POVO GALEGO-PORTUGUÊS e a sua República, o Bloco Nacional Galego-Português, eis os alvos a atingir no presente e no imediato futuro sem qualquer dificuldade porque a «Revolução dos Cravos» pariu um ser humano, o Zeca Afonso, e no Zeca Afonso «tá tudo o que faz falta», já o sabem: «NAS COVAS DA ESTRADA FLORIRÃO ROSAS DE UMA NAÇÃO».
Em Ferrol, segunda-feira, 21 de Abril de 2008
COMISSÃO PARA A REUNIFICAÇÃO NACIONAL DA GALIZA E PORTUGAL
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