CENSURADO NO CONGRESSO DA INTG E PUBLICADO EM ABRIL DE 1993
Nos derradeiros anos acentúa-se o confronto mundial. A contra-insurgência mundial, hegemonizada pelos ianques, é agora partilhada com outras potências de neto catácter nazi-fascista, embora a fachada democrática, o qual produze como resultado um poder mais repartido. O Grupo dos Sete (G-7), USA, Canadá, Japão, Alemanha, França, Grã Bretanha e Italia regem o mundo num relativamente complexo sistema de reparto de áreas que por sua vez é compartilhado com outros paises subordinados. O objetivo único é impedir, frear, demorar ou desnaturalizar a revolução e a chegada do socialismo e o comunismo ou de sociedades com sistemas sociais que, ou se aproximam, ou politicamente se enquadram dentro deste campo.
A ONU e os distintos foros internacionais tanto de ámbito mundial quanto regional, têm como papel fundamental a defesa do imperialismo, o colonialismo e o capitalismo, porque todos eles funcionam sob a egide dos USA ou no caso actual do G-7.
Todos os conflitos locais no mundo, juntos, compõem uma única fronte de batalha onde baixo diferentes formas confrontam as forças e paises imperialistas com forças e nações de signo contrario.
O que confunde, ou pode confundir, são os diferentes disfarces que o imperialismo utiliza para camuflar-se e melhor golpear. Portanto a linguagem a empregar para descrever os efeitos da acção mundial do imperialismo é de muita transcendência porque os resultados derradeiros da sua imponente ofensiva é a perda de milhões e milhões de vidas humanas das classes pobres, quer dizer, genocidio mundial. E agora já não há o argumento da guerra nuclear na que o mundo seria destruido pelo confronto entre duas potências atómicas. E o genocidio mundial que estam a provocar o G-7, embora seja utilizando muitas e mui diferentes armas, não qualificadas como estritamente militares, fazem-no decisivamente utilizando a sua poderosa força armada, designadamente a força aero-naval.
Dentro deste quadro é como melhor se pode razoar que as conversas de paz de Palestina, El Salvador, Afganistão, Angola, Kampuchea, Moçambique, etc, estam desarmando os movimentos progressistas ou revolucionarios, em definitivo, aos povos em luita, em favor de organizações de assassinos, ladrões e mercenarios, dirigidos, treinados, armados e financiados pelo G-7. É uma guerra sem piedade e sem quartel onde todos os meios são válidos, mas todos apontam ou preparam o decissivo, a acção militar.
A afirmação de que o sistema capitalista esta numa grave crise, é uma grande palhaçada, que parece indicar debilidade do imperialismo actual. Não é debilidade o qualificativo que melhor define o imperialismo actual. Nem é mui lúcido fazer as afirmações que se fazem na ponência sobre a ASEAN e outros mercados comuns.
O caso mais significativo e que cumpre salientar com mais força é o da ASEAN, colar arredor de Viet Nam para impedir a extenssão da estrondosa derrota da potência militar hegemónica, daquela e agora, os USA, a mãos, e nunca melhor dito, dum exército de pobres, luminosa demonstração de como têm que fazer os povos e as suas organizações se querem ver-se livres do imperialismo, mesmo se é tão potente como o norteamericano, o francês ou o espanhol...
Ou o desenho feito pelos ianques para botar do governo aos sandinistas e paralisar a revolução em Centro-América...
Ou a acção contra-insurgente de Reagan sobre Filipinas para evitar -como ele mui bem dixo- uma nova Nicaragua...
Dentro do Grupo dos Sete, há três que pelo seu volume semelham hegemónicos. Não nos enganemos, os três sós não seriam capazes, são os sete os necessários e assim o demonstra a contundência dos factos. Outra cousa distinta é que os três sejam os de rasgos nazi-fascistas mais dificilmente camufláveis. Em qualquer caso, chamemos-lhe às cousas pelo seu nome. Se Japão é um país feudal ou semi-feudal, não é bem que falemos de relações laborais do século passado porque isso -o de feudal ou semi-feudal- tem muito a ver connosco.
E isso de que vão nascer grandes estados que substituirão os nascidos sob os criterios da Revolução Francesa, não parece mui prudente afirma-lo. Eu dentro da prudência do futurismo, falaria melhor de grandes espaços contra-insurgentes com estreita colaboração dos aparelhos coercitivos dos Estados.
Ora, se a observância mundial de tendências fazemo-la desde 1830 ou 1900, ou mesmo antes, a tendência dominante é o derrube das grandes áreas imperiais, dando lugar a modificações substanciais dos mapas sempre em favor dos povos-etnia ou país-nação. Aliás, estes são processos lentos e sobretudo muito dorosos para os homens e mulheres que compõem os povos colonizados, designadamente para aqueles que mercê à sua lucidez para compreender estes fenómenos, escolhem o caminho do confronto violento, militar ou politico-militar com a potência colonial. A história da independência dos povos esta cheia de exemplos e nós não somos excepção. Assim no nosso entorno próximo a luita da Irlanda, Euskadi, Escocia, Bretanha, Córcega, Catalunha, etc, põe de relevo a potência da luta pela liberdade dos povos. Isto é um fenómeno que afecta a Europa e ao resto dos continentes, dai a importância de estudar e conhecer as lutas de libertação no mundo inteiro, nomeadamente as da nossa área e por esta orde: as que têm lugar no Estado Espanhol, Francês e Inglês. E ademais é de muita urgência tratar em todos os foros possíveis, hoje em Galiza, muito mais neste Congresso, que vai definir a linha de actuação dos trabalhadores e trabalhadoras galegas no futuro imediato, o processo histórico que dá lugar à conformação de Espanha e Portugal, por ser este, uma parte da Galiza, que mais adiante adoptara esse nome para o seu Estado Independente, a que em secular confronto militar com a Monarquia Espanhola, consegue o que nenhuma das outras nações ocupadas por Espanha, logrou. Isto tem uma enorme transcendência para nós, para Galiza, e para o conjunto das nações avassaladas por Espanha.
No que a nós se refere, faz-se imprescindível hoje, e aqui, lembrar as duas afirmações do programa que Antônio Vilar Ponte apresentou à Assembleia Nacionalista de Lugo em 1918, bases de todo o nacionalismo político organizado na Galiza até os nossos dias:
1.- GALIZA CONSIDERA QUE ELA COM PORTUGAL FORMA NAÇÃO COMPLETA talhada pelo fatalismo histórico. PORTANTO, GALIZA-PORTUGAL NAÇÃO UNICA.
2.-GALIZA CONSIDERA A LÍNGUA PORTUGUESA, O PORTUGUÊS, COMO O GALEGO NACIONALIZADO E MODERNIZADO. Portanto, GALEGO E PORTUGUÊS MESMA LINGUA.
Nestas duas proposições resumem-se duas questões de carácter estratégico que ainda não são assumidas pela maioria das organizações políticas de definição nacionalista na Galiza.
O estudo teórico do que Vilar Ponte afirmava e sobretudo a sua experimentação prática permitiria aos trabalhadores/as galego-portugueses dar passos de gigante no avanço da sua libertação.
E para acadarmos a nossa libertação é necessario derrotarmos a contra-insurgência que é por propria definição dos seus inventores, os distintos imperialistas, uma sofisticada guerra que emprega todo tipo de armas para além das estritamente militares e que tem por objectivo evitar ou derrotar a insurgência
Assim nos Meios de Comunicação fala-se de guerra química, guerra biológica, guerra sicológica, etc, e dentro de cada uma destas definições é onde temos que razoar a nossa situação.
Galiza vem-se caracterizando secularmente por ser uma área onde os exércitos dos distintos imperialismos (romanos, germanos, muçulmanos, vikingos, espanhóis, franceses, etc.) tiveram muitas dificuldades para dominarem militarmente, em guerras que duravam muitos mais anos do que contam os historiadores espanhóis (mentirosos por definição e cheios dum rancoroso racismo contra nós), e a sua dominação logravam-na mercê a esforços especiais a causa da denodada resistência que apresenta a população galega. O derradeiro episodio que ainda perdura, é a actuação das forças armadas espanholas no período denominado como franquismo. A guerra dum exército regular contra o povo galego organizado em partidas irregulares. De este período, para além do confronto estritamente militar e ideológico, o franquismo utilizou a criação de encoros para a producção de electricidade como medida contra-insurgente, anti-guerrilha, massivamente, até o extremo de produzirmos mais electricidade da que podiamos comer nós, a península e uma parte de Europa. Os incêndios forestáis, ou a queima de montes, foi outra das medidas generalizadas. Todo isto do que estou a falar foi pensado e posto em prática por seres humanos concretos denominados com fartura, fascistas ou franquistas e que aprendiam muitas das suas técnicas, ademais de por própria experiência, nas Academias de Contra-insurgência ianques. Na actualidade essa dinámica continua embora muito mais intensa e multipolar. Agora os quadros da contra-insurgência espanhóis para além de nas academias ianques, aprendem in sittu, naqueles conflitos como Centro-America, a ex-Iugoslavia ou Israel como fazer para evitar o permanente risco de insurreição dos potencialmente insurgentes galegos, designadamente das suas classes trabalhadoras.
Durante o franquismo encoros e incêndios. Agora a acção e muito mais intensa e multipolar. Ataca-se a flora e a fauna. As rias, as costas, os montes, os campos, as cidades, todo esta sob a acção contaminante causadas pelas medidas da contra-insurgência. E não é certo que afecte a pobres e ricos por igual, nem mundialmente, nem muito menos em Galiza. Afecta aos pobres, porque são medidas dos ricos contra os pobres. Dos capitalistas contra as classes trabalhadoras. São actos de guerra dos imperialistas contra os colonizados que têm como objetivo a derrota destes ou manter o poder dos imperialistas.
A guerra química em Viet Nam experimenta com defolhantes e incêndios massivos da capa vegetal (Chemycal Corp.). Desde que acabou a guerra de Viet Nam em 1975, os incêndios no mundo e nomeadamente na Nossa Terra medrarom até afectar a Galiza inteira, bosques e não bosques.
A guerra biológica em Viet Nam e noutras áreas do mundo como Cuba ou Nicaragua tem provocado a morte de muitas pessoas e gando pela introducção dum mosquito que produzia o dengue. A SIDA é outros dos exemplos do terror mundial que afecta a pobres, e em Galiza já é considerável.
A manipulação climatológica com fins contra-insurgentes é outra das medidas que cumpre citar.
Dentro da guerra sicológica, o papel dos Mass Meia para destruir sanhudamente a galeguidade, nomeadamente o papel da TV como orientadora de condutas mercenarias, sádicas, assassinas, torturadoras, violadoras, é do mais salientável.
A fome é uma consequência mais das medidas contra-insurgentes. O caso cubano é do mais evidente. Tentam rendir a ilha por fame. Não é o único, Viet Nam, Nicaragua, etc, e o sindicato a ve-las vir. Os dirigentes ainda não se inteirarom de que existe um conceito denominado solidariedade, no que historicamente as classes trabalhadoras derom muitos e bons exemplos, mesmo as galegas...
Demografia: O caso galego é espectacular pela intensa tendência a desaparecer como povo devida á baixa constante da população. Cumpre falâ-lo e tomar medidas para invertir o tendência. Uma delas pode ser o trabalho ideológico sistemático para que a gente não vaia trabalhar fora de Galiza, que não emigre.
Desde a guerra de Viet Nam, sobretudo, a contra-insurgência vem inçando de drogas (heroina, cocaina, coctéis ), aquelas áreas onde mais ferve a insurgência. O papel da dirigência da Guarda Civil, Cesid, e em geral, a força mais diretamente afectada no trabalho contra-insurgente, FFAA em geral, é publicamente o de introductores da droga que ataca os seitores mais dinámicos da sociedade: a juventude trabalhadora...
Em a Galiza a este nível, já demos superado a Viet Nam. Acolá não foram capazes de introduci-la no rural, apenas nas cidades. O caso galego é campo-cidade; e falando disto, o material humano que suporta o trafego, desde o mais baixo até o cimo, constitue um exército de presença permanente contra a população galega, ou organizada ou em luta. Agredem, este exército de mercenários, permanentemente à população, designadamente os sectores mais fracos, anciãos e meninhos. Têm uma especial preocupação por agredirem à mulher, sabedores de que o melhor sistema para degradarem os colonizados é degradarem às que têm a capacidade de reproduzi-los. Neste endereço a prostituição é uma das armas de maior contundência, ademais da violação sistemática. Tudo muito avondoso em Galiza. Quem orienta, dirige, patrocina, alenta todas e cada uma das agressões que os galegos, e nomeadamente as galegas estamos a sofrer é o fascismo monárquico espanhol, hoje organizado agressivamente arredor do grupo nazi Nación Joven.
Galiza necessita luitar per se, com iniciativas que saiam de dentro dela, e hoje um dos problemas mais importantes é o impresionante exército de parados e paradas. A melhor medida de luta contra o paro é organizar aos parados para a luta, o resto são mentiras.
Por último o rasgo que melhor nos define como galegos e galegas é a língua. Uma língua falada e escrita desde há mais de oito séculos. Uma língua secular e actualmente proibida na actividade social oficial, sobretudo no ensino. A luta contundente contra esta proibição e contra os que agredem a língua é hoje uma necessidade peremptoria. Isto passa também por sairmos do analfabetismo na nossa propria língua.
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